ATA DA SEXAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-8-2001.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de agosto do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Pedro Américo Leal e Raul Carrion. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Segunda Sessão Solene, que foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Resolução nº 073/01 (Processo nº 3354/01); pelo Vereador Humberto Goulart, os Pedidos de Informações nºs 148 e 153/01 (Processos nºs 3244 e 3311/01, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, os Pedidos de Informações nºs 158 e 160/01 (Processos nºs 3340 e 3353/01, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 157/01 (Processo nº 3332/01); pelo Vereador Luiz Braz, 03 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 155/01 (Processo nº 3313/01); pelo Vereador Estilac Xavier, a Indicação nº 027/01 (Processo nº 3346/01). Também, foi apregoado o Ofício nº 048/01 (Processo nº 3316/01), de autoria do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, convidando esta Casa para integrar esse Comitê na categoria “Legislativos Municipais - Grupo População da Bacia". Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 438 e 440/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 051/01, do Vereador Francisco de Assis Spiandorello, Presidente da Câmara Municipal de Caxias do Sul - RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Wesley Lacerda e Silva, Presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet - ASSESPRO - RS, que analisou o Projeto de Lei do Legislativo nº 053/00 (Processo nº 0859/00), o qual dispõe sobre a utilização de programas de computador na Administração Pública de Porto Alegre, posicionando-se contrariamente à aprovação desse Projeto e afirmando que tal iniciativa, se posta em prática, levará à reserva de mercado, impossibilitando o desenvolvimento de novas tecnologias. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Carlos Nedel, Helena Bonumá, Clênia Maranhão e Raul Carrion manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Também, face manifestação da Vereadora Helena Bonumá, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do período destinado à Tribuna Popular. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e quarenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi apregoado o Memorando nº 088/01, firmado pelo Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que o Vereador Reginaldo Pujol encontra-se representando este Legislativo na Cerimônia de apresentação do Programa Esporte na Escola, realizada às dez horas do dia de hoje, na Fundação Pão dos Pobres de Santo Antônio. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib, enfocando o transcurso do quadragésimo sétimo aniversário de falecimento do ex-Presidente Getúlio Vargas, prestou uma homenagem a Sua Senhoria, citando trechos do discurso de posse do escritor Assis Chateaubriand na Academia Brasileira de Letras. Também, comentou aspectos singulares das relações pessoais e políticas do Senhor Getúlio Vargas com o ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre, Senhor José Loureiro da Silva. O Vereador Aldacir Oliboni manifestou-se sobre o convênio estabelecido entre o Instituto Miguel Dario e a Companhia Carris PortoAlegrense, para a recuperação de apenados, sugerindo que entidades do setor privado busquem o engajamento em iniciativas dessa natureza. Ainda, conclamou os trabalhadores na área de saúde para participaram, na próxima semana, das eleições para a presidência do Sindicato que representa essa categoria profissional. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes, aludindo à passagem dos quarenta e sete anos da morte do Senhor Getúlio Vargas, discursou a respeito das principais políticas públicas implementadas por Sua Senhoria ao longo de sua trajetória como Presidente da República. Nesse sentido, convidou a todos para participarem de solenidade em memória do ex-Presidente, a qual se realizará às dezessete horas do dia de hoje, na Praça da Alfândega. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das Professoras Ana Inês Arce, Raquel Pacheco de Lima e Clarice Statquevios, da Escola Municipal Pepita de Leão, presentes a este Legislativo para participar do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn saudou o transcurso do Dia do Soldado, amanhã, ressaltando a contribuição das Forças Armadas Brasileiras para a preservação da soberania nacional. Também, chamou a atenção deste Legislativo para fatos e personalidades que constituíram a história do País, destacando a importância da atuação do ex-Presidente Getúlio Vargas para o desenvolvimento da Nação. A seguir, o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, registrou as presenças do General de Divisão Virgílio Ribeiro Muxfeldt, Comandante da 3ª Região Militar e representante do Comando Militar do Sul, do Major Brigadeiro do Ar Juniti Saito, Comandante do 5º Comando Aéreo Regional, do General de Brigada Luiz Carlos Minussi, Chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sul, do General de Brigada Gilberto Arantes Barbosa, Comandante de Artilharia Divisória da 6ª Divisão de Exército e do Capitão de Fragata Pericles Vieira Filho, representante do 5º Distrito Naval, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para a solenidade em homenagem ao Dia do Soldado. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional, pela Banda do Comando Militar do Sul, sob a regência do maestro 2º Tenente Ivanir Martins da Silva. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Pedro Américo Leal, que, em nome deste Legislativo, homenageou o Dia do Soldado, enaltecendo a memória do Senhor Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias - Patrono do Exército Brasileiro e discorrendo sobre a trajetória dessa personalidade histórica, particularmente durante a Guerra do Paraguai, ocorrida no século dezenove. Nesse sentido, traçou um paralelo entre a postura do Exército e o exemplo de hombridade deixado por esse militar. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães salientou a justeza da homenagem hoje prestada por este Legislativo, alusiva ao Dia do Soldado, destacando a ideologia presente no pensamento das forças armadas e sua atuação na defesa do território brasileiro. Ainda, ressaltou a participação do Exército nos acontecimentos históricos da Nação e referiu-se ao transcurso dos quarenta anos da “Campanha da Legalidade”. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução da Canção do Exército e do Hino Rio-Grandense, pela Banda do Comando Militar do Sul, sob a regência do 2º Tenente Ivanir Martins da Silva. Às dez horas e quarenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e quarenta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Clênia Maranhão procedeu à análise da situação de moradores de áreas periféricas da Capital, tecendo considerações sobre declarações dadas pelo Senhor Renato Guimarães, Presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - acerca do assunto. Nesse sentido, frisou a necessidade de que o Executivo Municipal priorize ações que beneficiem as crianças e adolescentes carentes de Porto Alegre. O Vereador Haroldo de Souza afirmou que, ao propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, para averiguar denúncias de irregularidades administrativas no Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, Sua Excelência tinha como objetivo atender a solicitação da população gaúcha. Ainda, discorreu a respeito de diversos Projetos de Lei de sua autoria, que encontram-se tramitando neste Legislativo. O Vereador Marcelo Danéris reportou-se ao pronunciamento do Vereador Haroldo de Souza, questionando os motivos que levaram Sua Excelência a renunciar ao cargo de Presidente da CPI destinada a analisar denúncias de irregularidades na política habitacional desenvolvida pelo Executivo Municipal e aludindo às visitas feitas a esta Casa, pelo Senhor Carlos Pestana, Diretor do DEMHAB, com o intuito de prestar esclarecimentos sobre as referidas denúncias. O Vereador Luiz Braz avaliou o pronunciamento do Vereador Marcelo Danéris, no que tange à postura do Vereador Haroldo de Souza ao recusar a presidência da CPI do DEMHAB, salientando a importância do trabalho a ser realizado por este Legislativo, na condução das investigações de denúncias que deram origem à referida Comissão. Também, comentou as condições de saneamento básico a que estão submetidos os moradores de área localizada no Bairro Vila Nova. Na oportunidade, por solicitação do Vereador João Antonio Dib, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Senhor Fernando Pahim, Prefeito de São Vicente do Sul - RS, falecido ontem. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson parabenizou o Vereador Pedro Américo Leal, pela iniciativa de propor a homenagem hoje prestada por este Legislativo, alusiva ao Dia do Soldado. Ainda, manifestou-se a respeito de cerimônia realizada ontem na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, relativa às comemorações referentes ao transcurso dos quarenta anos da “Campanha da Legalidade”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion lembrou o transcurso, hoje, dos quarenta e sete anos da morte do ex-Presidente Getúlio Vargas e discorreu acerca da trajetória política desse estadista, ressaltando as obras realizadas durante os governos administrados por Getúlio Vargas e afirmando a intenção do Partido Comunista do Brasil de propor uma mobilização nacional com vistas às eleições majoritárias para o próximo ano no País. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Almerindo Filho, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada de tramitação do Substitutivo nº 01, aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 043/01 (Processo nº 1083/01). Também, foram apregoadas as seguintes matérias, de autoria do Vereador Almerindo Filho: o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 038/01 (Processo nº 1064/01); o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 043/01 (Processo nº 1083/01); a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 220/01 (Processo nº 3149/01). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum relatou a participação de Sua Excelência, como palestrante nas comemorações da Semana Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, nos Municípios de Panambi e Santa Bárbara do Sul - RS. Também, elogiou a postura adotada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, ao rejeitar veto do Governador do Estado a Projeto de Lei que possibilita o passe-livre nos ônibus intermunicipais aos portadores de deficiência. Na oportunidade, o Vereador Humberto Goulart formulou Requerimento verbal, solicitando a formação de Comissão para visitar o Grupo Hospitalar Conceição, com a finalidade de averiguar denúncias de irregularidades nos setores de atendimento cirúrgico daquela instituição, tendo o Senhor Presidente manifestado-se a respeito do tema. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Estilac Xavier referiu-se ao aniversário, hoje, da morte do ex-Presidente Getúlio Vargas e às homenagens prestadas por este Legislativo, relativamente ao Dia do Soldado. Ainda, criticou discurso realizado pelo Vereador Haroldo de Souza, em Comunicações, no que se refere às ações políticas desenvolvidas nesta Casa, solicitando reunião entre o Colégio de Líderes e a Mesa Diretora para avaliar a questão. Na ocasião, os Vereadores Haroldo de Souza e Estilac Xavier manifestaram-se acerca do pronunciamento efetuado pelo Vereador Estilac Xavier em Comunicação de Líder. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença de alunas e das Professoras Vera Maria Lopes Barbosa e Neci Comiccioli, do Instituto Estadual de Educação Doutor Carlos Chagas, do Município de Canoas - RS, presentes a este Legislativo para participar do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz avaliou o posicionamento da Bancada do Partido dos Trabalhadores, ao enaltecer a trajetória política do ex-Presidente Getúlio Vargas. Também, analisou a divergência de pensamentos presente nos debates que ocorrem neste Legislativo e a forma como são externados pelos Vereadores da Casa e apoiou proposta do Vereador Estilac Xavier, para que essa questão seja resolvida entre reunião da Mesa Diretora e o Colégio de Líderes. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 069/01, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e João Carlos Nedel; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 209/01, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, João Antonio Dib, Raul Carrion e Elói Guimarães, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 014/99 e 017/01, o Projeto de Lei do Executivo nº 019/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 002/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 182, 218, 219, 221 e 205/01, este discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e Juarez Pinheiro, o Projeto de Resolução nº 064/01. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Marco Maia Secretário Estadual da Administração, e do Senhor Elton Scarpini. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 037/01, com Veto Total a ele aposto, o qual teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador João Carlos Nedel. Na oportunidade, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 037/01, com Veto Total a ele aposto. Também, o Vereador João Carlos Nedel informou estar encaminhando à Mesa Requerimento, solicitando o adiamento, por uma Sessão, do Projeto de Lei do Legislativo nº 031/00 (Processo nº 0587/00). Após, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Marcelo Danéris, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi aprovado o Requerimento nº 121/01 (Processo nº 1987/01 - Moção de Repudio às declarações do Senhor Luiz Eduardo Soares, em defesa da legalização do consumo e venda de drogas no País), de autoria do Vereador João Carlos Nedel, por treze votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Carlos Nedel, Humberto Goulart, Adeli Sell, Luiz Braz, Cassiá Carpes e Valdir Caetano, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Haroldo de Souza, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum e Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Na ocasião, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de termos constantes no pronunciamento do Vereador Luiz Braz, ocorrido durante o encaminhamento à votação do Requerimento nº 121/01, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos a respeito do tema e tendo os Vereadores Adeli Sell, Luiz Braz e Humberto Goulart manifestado-se sobre o assunto. Também, a Vereadora Sofia Cavedon manifestou-se sobre o pronunciamento realizado pelo Vereador Cassiá Carpes no encaminhamento à votação do Requerimento nº 121/01. Foi aprovado o Requerimento nº 193/01 (Processo nº 3130/01 - Moção de Solidariedade ao Jornal Tribuna Popular, do Município de São Lourenço do Sul - RS, devido à apreensão da edição do dia vinte e dois de julho do corrente, por decisão judicial), de autoria do Vereador Adeli Sell, por dezesseis votos SIM e um voto NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Carlos Nedel, Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Luiz Braz, Estilac Xavier e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador Estilac Xavier, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Cassiá Carpes, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, João Antonio Dib, este com Declaração de Voto, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, este com Declaração de Voto, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei e Raul Carrion e Não o Vereador João Carlos Nedel e tendo apresentado Declaração de Voto os Vereadores João Antonio Dib e Juarez Pinheiro. Na ocasião, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a substituição de termo constante na ementa do Requerimento nº 193/01. Também, o Vereador Adeli Sell manifestou-se acerca do pronunciamento efetuado pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, durante o encaminhamento à votação do Requerimento nº 193/01 e o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retificação de termos constantes no pronunciamento efetuado por Sua Excelência durante o encaminhamento à votação do referido Requerimento. Às treze horas e quarenta e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Ervino Besson e Elói Guimarães, este nos termos do artigo 13, § 2º, do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá e Ervino Besson. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 


O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Wesley Lacerda e Silva, representando a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet – ASSESPRO/RS, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. WESLEY LACERDA E SILVA: Bom-dia a todos. Eu gostaria de agradecer a oportunidade de falar nesta Casa tão importante para o nosso Município. Como Presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet, represento uma entidade de nível nacional presente em dezenove Estados. Represento hoje mais de cento e cinqüenta empresas associadas, dentre elas empresas que trabalham com o software livre, empresas que não trabalham com o software livre, empresas em que o software livre não faz diferença e empresas que trabalham com os dois tipos de tecnologia.

Estou aqui para defender posicionamento em contrariedade à aprovação da lei que direciona as compras do Governo Municipal de Porto Alegre a essa tecnologia.

O nosso objetivo é demonstrar, prática e tecnicamente que essa Lei não agrega nenhum tipo de vantagem à nossa comunidade.

Essa lei trata, simplesmente, de regular algo que já está regulado pela Lei nº 8.666, das licitações, que legisla sobre as compras do Governo. Ela também apresenta uma contrariedade ao Código do Consumidor, torna-se inconstitucional com relação ao Código do Consumidor pelos motivos técnicos que eu vou apresentar.

O software livre foi desenvolvido por grupos de estudantes, profissionais liberais e professores de todo o mundo. Logo, não existe um autor determinado. Dessa forma, todo o contrato feito, de software livre, acarreta, para o seu usuário, a responsabilidade total por qualquer problema ou falha. Essa questão técnica, impossível de ser alterada, pela natureza da criação do software, agride frontalmente, diretamente, a lei de defesa do consumidor, o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro.

Hoje, todo o produto comercializado ou em utilização no País obriga o seu responsável a dar manutenção e garantia. Esse é um ponto que está expresso, escrito no parecer jurídico da nossa entidade, que se encontra à disposição de V. Ex.ªs.

Essa lei, na nossa visão, é inconstitucional, por agredir o Código de Defesa do Consumidor. Não bastasse essa característica quase insuficiente, no nosso modo de ver, consideramos o argumento de que o software livre causaria ganhos econômicos e financeiros, por ter custos reduzidos, à medida que ele é comercializado quase gratuitamente, queremos dizer que essa também é uma intenção equivocada. Hoje, software livre não quer dizer software gratuito; ao contrário, existem outros custos que não estão sendo levados em consideração, quando se diz que haverá redução de despesas por parte do Estado utilizando esse tipo de tecnologia. Existe um custo muito grande de formação de mão-de-obra, pois não existe pessoal capacitado hoje a apresentar soluções. Existe, hoje, um custo muito grande de propriedade, pelo fato de não ter soluções prontas que possam ser adquiridas. Tecnicamente, isso significa que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul ou o de Porto Alegre, à medida que decide adotar essa plataforma, está chamando para si a responsabilidade de ser ele o produtor e o garantidor dessa tecnologia.

No nosso modo de ver, não é uma atribuição do Município, dos Governos serem produtores e garantidores de tecnologia.

Em enquete feita na nossa associação, mesmo com os profissionais, com as empresas que sobrevivem do negócio de software livre, mesmo eles não vêem vantagem em que essa legislação seja aprovada.

A posição da nossa entidade é oposta. Entendemos que o movimento do software livre é extremamente válido e deve crescer. Aliás, é uma tendência mundial irrefutável. Tenho viajado à Europa e aos Estados Unidos, e isso cresce, esse movimento cresce e ganha força.

Mas, ao nosso ver, qualquer tecnologia deve ser estimulada pelo investimento. Se é uma intenção do Governo que essa tecnologia cresça pela sua capacidade e pelo seu potencial de gerar soluções, que seja feito pelo investimento nos que acreditam nessa idéia e não por imposição de restrição a todos os outros que não acreditam.

Nós consideramos que o fato de impor restrições torna agressiva, também, a Lei nº 8.666, uma vez que deixa ferido o direito da livre concorrência. Cada solução tem a liberdade de oferecer a sua capacidade, e cabe ao comprador, no caso o Governo, definir qual a solução mais capaz. Uma nova legislação sobre esse tema não agrega absolutamente nada, ao contrário, deixa fora uma tecnologia ou um grupo de empresas, e o Projeto da Lei das Licitações não quer deixar nada fora; quer que todos compitam e que vença o melhor.

Somos contra toda e qualquer super-regulamentação de lei de mercado. Já existe lei para isso. Já existe a Lei de Responsabilidade Fiscal, que orienta os nossos governantes a um controle correto das suas despesas. Não precisamos de mais essa Lei! No passado, já vivemos um modelo de reserva de mercado, que nos levou a um custo muito alto na compra de computadores. Não vemos intenção nenhuma ou benefício nenhum em os governos criarem novamente uma reserva de mercado para uma tecnologia que hoje tem essas características, mas que, também, como tudo na tecnologia da informação, na informática, está crescendo e se alterando. Considero, ainda, desnecessária essa Lei, pelo fato de não agregar absolutamente nada para a nossa sociedade. Nós temos todas as leis de que precisamos para regular as compras do Governo e, tecnicamente, não há nenhum benefício em ter esse item regulado por lei. A Lei, tanto em nível municipal como em nível estadual é desnecessária. Se é intenção de qualquer governante, assim como de qualquer empresário utilizar essa tecnologia, pode ser feita por uma mera diretriz ou portaria interna. Não há necessidade de perpetuar essa decisão em questão legal; nós consideramos - e esse debate é intenso em nível nacional - que a sociedade só perde, criando reservas de mercado.

Nós queremos a livre concorrência, queremos que todas as soluções tenham o seu espaço e que todos tenham a oportunidade de crescer. Se o Governo ou qualquer outra instituição tem interesse em que cresça uma tecnologia, consideramos que esse fato deve ser alcançado por meio do investimento em tudo o que se faz presente nessa tecnologia, não pela imposição de restrição a qualquer outra questão.

Nós não podemos ferir o princípio da livre concorrência! Essa é uma questão bastante simples de deixar o mercado decidir, o Governo decidir, de forma técnica, de preço ou de qualquer que seja, e não por interferência legal.

Gostaria de agradecer a participação, e coloco a entidade à disposição de V. Ex.as para qualquer esclarecimento.

Eu entreguei, para cada um de V. Ex.as, uma pasta contendo o posicionamento oficial da entidade, que está publicado, contendo o parecer jurídico da nossa entidade, que comprova técnica e legalmente tudo o que estou expressando neste momento, de forma resumida, e, ainda, o parecer de outras entidades, pareceres jurídicos e de apoio ao nosso posicionamento. Este não é o posicionamento único da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação. Há outra entidades no Estado, como a Software Sul, e todos participam do mesmo ponto de vista. Essa lei, conforme expressa obrigatoriedade pode ainda acarretar um problema ao Governo, uma vez que ela é impossível de ser colocada. Não existem todas as soluções que o governo precisa, hoje, nessa tecnologia. Por mais que determinemos prazos para que essas conversões sejam feitas, nós estamos correndo um grande e sério risco de colocar também o nosso governo com problemas, na medida em que ele pode não conseguir as soluções que deseja, ficando preso a essa plataforma de matéria em nível legal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, dos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, Beto Moesch e no meu, de dar as boas-vindas ao Sr. Wesley Lacerda e Silva, Presidente da ASSESPRO, que nos vem dar informações e esclarecimentos sobre o Projeto que tramita nesta Casa, obrigando o setor público municipal a utilizar unicamente o software livre. Andei estudando esse assunto, e, no Projeto, há um parecer que analisa essa situação. Verifiquei a impossibilidade da aprovação desse Projeto, porque ele eleva o custo da transformação dos sistemas, da transferência de dados de um sistema para outro e engessa o setor público. Imaginem a PROCEMPA não utilizar mais todos aqueles sistemas que ela tem, ter de passar tudo para o software livre. Conforme nos orientou o Wesley, o software livre ainda não tem todas as soluções que são necessárias para a informática plena. Também a Câmara de Vereadores, os gabinetes dos Vereadores deixarão de utilizar os sistemas que hoje utilizam para repassar para o software livre. Na minha opinião - e espero que seja essa a opinião da Bancada - essa Lei é desnecessária, porque os usuários devem ter a liberdade de optar pelos sistemas que desejarem. Essa Lei engessa o setor público, retira a liberdade, e, portanto, é autoritária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, falando como autora do Projeto, quero salientar que ele é Projeto, não é Lei, e, como Projeto, ele está em discussão, não só nesta Casa, mas na nossa Cidade, em todos os segmentos interessados na matéria. Já fizemos duas discussões públicas desse Projeto, uma na Assembléia Legislativa com a Associação, também com a presença do Sindicato das Empresas de Processamento de Dados. Tivemos a presença também da Sociedade Brasileira de Processamento de Dados, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além de representantes de diversos segmentos e do movimento do software livre. Tivemos oportunidade de debater também no Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia. Portanto, como Projeto, ele está aberto, e sinto muito que a Associação, até este momento, não tenha procurado a autora do Projeto para trazer suas questões. Estamos recebendo, neste momento, apenas aqui na Câmara de Vereadores, e eu quero, em primeiro lugar, fazer algumas considerações em relação às questões colocadas.

Tornamos pública esta discussão, que é necessária, e o Projeto foi feito justamente para provocar uma discussão que é extremamente necessária. Não estamos aqui restringindo as possibilidades do mercado, nem a possibilidade da concorrência. Nós partimos do princípio de que ela é restrita e se existe um segmento que podemos dizer que é monopolizado, esse é o segmento. Nós sabemos disso, nós conhecemos. Quanto à questão de que o Projeto fosse, de fato, um projeto duro no início para provocar essa discussão, porque estamos tratando de liberdade de acesso à informação - nós sabemos que informação, cada vez mais, o conhecimento no mundo moderno é um elemento essencial da democracia, e nós temos que pensar que os nossos governos tem de estar capacitados para responder nesse nível também e ter esse substrato operacional para as suas políticas. O processo de discussão desse Projeto, juntamente com o Sindicato das Empresas de Processamento, gerou um Substitutivo que incorpora questões que são importantes, referentes ao processo de discussão que nós fizemos. A restrição que colocamos, num primeiro momento, em relação à utilização única e exclusivamente do software livre, foi abrandada trabalhando com o conceito de preferencialidade e, também, entrou nesse Substitutivo. Infelizmente, eu não tenho condições de falar sobre ele por causa do tempo, mas está à disposição na Casa.

Portanto, essa é uma discussão ainda em aberto, mas quero registrar aqui que procuramos os segmentos, estamos trabalhando com o Sindicato, que nos procurou, que trouxe proposições e que fez com que assumíssemos, então, a posição de um Substitutivo que relativiza essas questões colocadas, colocando que a posição também do Governo Municipal nesse sentido foi a de tentar tecer um acordo com o governo estadual, a partir da experiência concreta que o governo estadual tem tido de utilização do software livre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queríamos, aqui, em nome da Bancada do PMDB, saudar a presença da ASSESPRO através do seu Presidente que ocupou a Tribuna Popular, o Sr. Wesley Lacerda e Silva. É extremamente importante e relevante a presença de V. S.ª na Casa no dia de hoje, porque permite, através da sua intervenção, do material da sua entidade, que nós Vereadores possamos ter uma visão mais clara deste debate, que ainda é um debate recente na sociedade mundial. Nós, os Vereadores, que trabalhamos com todos os temas que envolvem os interesses da Cidade, a não ser que o Vereador seja especialista na área - temos ainda muito que aprender sobre ele. Queria, porém, reafirmar a nossa preocupação no sentido do que aqui foi colocado. Consideramos relevante, e achamos também que é tarefa das instituições públicas apoiar as iniciativas que resultem em expansão do mercado e, conseqüentemente, em expansão de um mercado de trabalho que absorva mão-de-obra na nossa Cidade, onde tem crescido muito o desemprego. Não se trata de discutir quem é a favor ou contra o software livre, como tão bem colocou o Presidente da ASSESPRO – RS. O que se coloca para nós, como Vereadores, é a responsabilidade de aprovar ou não uma legislação que venha a restringir possibilidades no mundo da tecnologia, da informática e do conhecimento. Sabemos que as legislações, muitas vezes, quando são construídas a partir do interesse do Estado, não correspondem ao conjunto dos interesses da sociedade, quer seja do mundo empresarial ou do mundo dos trabalhadores. Achei importante a manifestação da Ver.ª Helena Bonumá, no sentido de dizer que o seu próprio Projeto inicial é um projeto sobre o qual, hoje, ela já faz uma autocrítica.

A preocupação final que eu queria acrescentar é a de que não estamos aqui para aprovar uma legislação que venha a criar obstáculos ao desenvolvimento da tecnologia e à expansão das indústrias na nossa Cidade, na Grande Porto Alegre, no nosso Estado.

Parabéns a V. S.ª. Colocamo-nos à disposição para todos os debates que a entidade ache importante. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, saudamos o Sr. Wesley Lacerda e Silva, Presidente da ASSESPRO - RS. Entendemos que este assunto é extremamente complexo e estamos tomando conhecimento do mesmo este ano, ao assumirmos o mandato. Parece-nos, em primeiro lugar, que o Projeto - já com as suas Emendas nº 3 e nº 4 - coloca, “preferencialmente”, o uso do software livre. Parece-nos, portanto, que não faz nenhum engessamento. Em segundo lugar, o Projeto não nos parece de forma nenhuma anticonstitucional - inclusive a nossa Procuradoria não entendeu assim - porque, como bem disse o Ver. João Carlos Nedel, cada usuário pode optar pelo uso dos programas que quiser; e o usuário “Prefeitura Municipal de Porto Alegre” tem esse direito de optar por um software que seja de maior qualidade, mais aberto, mais econômico. Portanto, só o seria se dissesse que em Porto Alegre só pode ser usado tal tipo de programa; o que não é o caso, pois só diz ser preferencial.

Em terceiro lugar, nós entendemos que se existe realmente o desejo da “liberdade”, parece-nos que ele colide com o monopólio da informação e com o monopólio das patentes. Temos, nesses dias, o exemplo da quebra de patente do medicamento Neofinavir, da Roche, contra a AIDS. Essa empresa sequer permite ou quer produzir esse remédio aqui no Brasil, que vai ter que pagar royalties para produzi-lo. O Ministério da Saúde teve de usar a legislação para quebrar essa patente. Então, na verdade, a questão das patentes choca-se com a dita “liberdade” que o empresariado tanto defende. Exemplifico: a Microsoft faz programas incompatíveis com os de outras empresas; assim, no caso de adotar a base da Microsoft temos de adotar os seus aplicativos. São medidas que nós vemos os grandes monopólios tomando, e hoje a Microsoft é uma das empresas mais ricas do mundo. Isso não tem levado, efetivamente, ao avanço da humanidade.

Lembramos que a França e a China adotam, em seus governos, o software livre, portanto, não é algo tão diferente, e aqui é, “preferencialmente”, e não obrigatoriamente. Portanto, vamos estudar, vamos ler com calma as colocações da ASSESPRO, mas pensamos que está um pouco forçada a manifestação. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, nós temos a presença, no Plenário, do Sr. Sílvio Belbute, Diretor de Imprensa e Marketing do SEPRORS, o Sindicato das Empresas de Informática do Rio Grande do Sul, citado na fala de S. S.ª, e que pediu que eu fizesse o esclarecimento de que o SEPRORS não concorda com a sua posição, e que inclusive já encaminhou o Substitutivo para esta Casa. Ele deve também falar na Tribuna Popular, colocando, claramente, aos Srs. Vereadores a sua posição.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ele tem o espaço legal e regimental, que é a Tribuna Popular, e não através de um esclarecimento por intermédio de um Vereador.

Não havendo mais nenhuma inscrição, estão suspensos os trabalhos para que possamos proceder às despedidas. Agradecemos ao Sr. Wesley Lacerda e Silva, Presidente do ASSESPRO, pelos esclarecimentos que trouxe a esta Casa Legislativa.

(Suspendem-se os trabalhos às 9h45min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 9h47min): Estão reabertos os trabalhos.

Apregoamos o Requerimento que designa o Ver. Reginaldo Pujol como representante desta Presidência na cerimônia de apresentação do Programa Esporte na Escola, que se realiza hoje, às 10h, com a presença do Ministro Carlos Carmo Andrade Melles.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Almerindo Filho está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não tenho dúvidas de que a figura mais marcante da vida política brasileira, nos últimos setenta anos, foi Getúlio Dornelles Vargas, que, há quarenta e sete anos, na data de hoje, suicidava-se em virtude de pressões, em virtude de movimentos que se faziam para que ele saísse do Palácio do Catete. E ele dizia que só sairia de lá morto. Portanto, quero homenagear a memória de Vargas, no dia de hoje, fazendo duas citações: uma de José Loureiro da Silva, que, instado pelas forças produtoras deste País a permanecer no Banco do Brasil, depois da morte de Getúlio, não aceitou e voltou dizendo: (Lê.)

“Retorno à minha terra amargurado e triste. Volto ao Rio Grande, apreensivo com o que vi e ouvi nestes últimos tempos e com a experiência decepcionante de homens e de fatos. Sinto o conforto de ter sido útil ao meu País, especialmente ao Rio Grande. Toda a minha vida pública gravitou em quase trinta anos, nas horas boas e más, em torno do inesquecível mestre e amigo Dr. Getúlio Vargas. Acompanhei-o vivo, lealmente, e agora, que está morto, quero honrar sua memória.”

E o Jornalista e escritor Assis Chateaubriand, quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras, em 27 de setembro de 1955, dizia sobre Getúlio Vargas o seguinte: (Lê.) “

...de Vargas poderá se dizer que foi o espongiário magnífico deste oceano humano que é o Brasil. Ele era o guasca, o campeiro, o caipira, o tabaréu, o matuto, o jeca, o sertanejo, o farroupilha, o favelado, o charrua, o tamoio, o guarani, o capixaba, o caeté, o tupinambá, o tabajara, o tupiniquim, o timbira, o marroeiro, o homem branco, o negro, o amarelo, nas infinitas nuanças de todas essas cores; a música dos nossos rios; o barulho das nossas cachoeiras; a alegria das nossas madrugadas, a graça de um mês de maio nas campinas verdes do Rio Grande, o sorriso das nossas crianças, o uivar do minuano na coxilha, o coruscar das estrelas neste céu tropical. Que deslumbrante aquarela do Brasil! Que força elementar da vida! Não era um fragmento da nossa natureza porque era toda ela! Os medíocres charlatães, que já o estudaram, não enxergaram o segredo da sua imensidade. Vargas era ele, e por todos os seus contrários. A sua prodigiosa glória é a de haver tantas vezes sacudido este cadáver obediente que é o Brasil. Ele não falava para o povo: oficiava como um sacerdote.”

E esse homem que tem sido mencionado, nos últimos setenta anos, diariamente pelos políticos brasileiros, de repente, muitos deles, usam mal o seu nome e o seu exemplo; apenas pronunciam palavras, mas não acompanham as suas palavras com o gesto que esse homem soube fazer em prol da grandeza do Brasil. Getúlio Vargas, há quarenta e sete anos, nos deixava, mas deixou um exemplo extraordinário. E eu gostaria de ver todos os políticos que nele falam seguindo o seu exemplo de honradez, dignidade e amor à Pátria. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, povo que nos assiste, quero fazer uma referência especial a um trabalho feito pelo nosso Governo do Estado, através da SUSEPE, do nosso Superintendente Airto Michel, um convênio feito com a CARRIS no sentido de ampliar os serviços de recuperação de apenados na Instituição da CARRIS.

Há mais de um ano surgia a possibilidade de a SUSEPE implementar na Intercape um Centro de Recuperação de apenados. Naquela época, e, como morador daquela comunidade e formada uma comissão, nós sugerimos várias alternativas ao Governo do Estado para implementar essa política de recuperação dos apenados. O local sugerido pela comunidade foi o Instituto Miguel Dario, que fica no terreno da UFRGS, próximo a Viamão. E, nesse local, hoje, estão mais de duzentos e cinqüenta apenados num processo de recuperação e que, por sua vez, tem a cada três dias trabalhados, um dia de redução de pena. Recentemente, em uma visita feita na CARRIS, sugerimos que era preciso ampliar esses serviços. Uma vez feito contato com a CARRIS, com a Cristina Piovesan, entendendo a necessidade de que o nosso Governo deveria estender, também, a essa comunidade que, na verdade, passa a ser os excluídos, passou-se então a fazer um convênio e, agora, a CARRIS concede trinta vagas a esses apenados que estão em processo de recuperação.

Portanto, é de extrema importância que a sociedade fique sabendo disso, como também outras empresas que possam estender esse benefício, essa atitude, esse gesto solidário no sentido de ampliar não só a possibilidade de redução de pena aos apenados, que estão no processo de recuperação, como também nós fazermos um trabalho desenvolvido com aqueles que são os mais excluídos da sociedade. Muitas outras empresas podem também manter o contato com o Instituto Miguel Dario para viabilizar esse processo de recuperação.

Comunicamos à sociedade de Porto Alegre, e, de modo especial, aos trabalhadores da área da saúde, que, segunda-feira, terça-feira e quarta-feira, nós teremos o processo de eleições do SINDISAÚDE. Essas eleições vão escolher não só o novo Presidente para o triênio, mas também dará continuidade a um trabalho feito pela companheira Marilene Chili que, até então, é a nossa Presidenta. É nesse sentido que os trabalhadores da área da saúde vão, a partir de segunda-feira, escolher, mais uma vez, eu tenho certeza, a chapa nº 1 para consolidar a luta e o trabalho que estão sendo desenvolvidos por aquela diretoria, da qual atualmente sou Vice-Presidente. Nós estamos torcendo no sentido de que a companheira Marilene seja, mais uma vez, vitoriosa, nesse sentido. Conclamamos a categoria da área da saúde para votar na chapa nº 1 a partir de segunda-feira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações. Ausente. O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje para nós trabalhistas é um dia muito importante. O dia 24 de agosto é mais um aniversário da morte do sempre lembrado Presidente Vargas, que fez as leis trabalhistas, deu a cidadania às mulheres no direito de voto secreto, livre e soberano e apoio à indústria nacional. (Lê.)

“Poder-se-á dizer que Vargas foi espongiário magnífico deste oceano humano que é o Brasil. Ele era o guasca, o campeiro, o caipira, o tabaréu, o matuto, o jeca, o sertanejo, o farroupilha, o favelado, o charrua, o tamoio, o guarani, o capixaba, o caeté, o tupinambá, o tabajara, o tupiniquim, o timbira, o marroeiro, o homem branco, o negro, o amarelo, nas infinitas nuanças de todas essas cores; a música dos nossos rios, o barulho das nossas cachoeiras, a alegria das nossas madrugadas, a graça de um mês de maio nas campinas verdes do Rio Grande, o sorriso das nossas crianças, o uivar do minuano na coxilha, o coruscar das estrelas neste céu tropical. Que deslumbrante aquarela do Brasil! Que força elementar da vida! Não era um fragmento da nossa natureza, porque era toda ela. Os medíocres, charlatães, que já o estudaram, não enxergaram o segredo da sua imensidade. Vargas era ele e por todos os seus contrários. A sua prodigiosa glória é a de haver tantas vezes sacudido este cadáver obediente, que é o Brasil. Ele não falava para o povo: oficiava como um sacerdote”. Assis Chateaubriand

Portanto, hoje, às 17h, na Carta Testamento da Praça da Alfândega, queremos convocar os trabalhistas e, principalmente os Vereadores Isaac Ainhorn, Ervino Besson, Humberto Goulart, João Bosco Vaz e Ver. Nereu D’Avila para este grande momento de consternação dos trabalhistas. Convoco-os para, quem sabe, possamos dar o primeiro passo na união do trabalhismo no Rio Grande do Sul, aqui nesta Casa, em que já há uma convivência salutar, honesta, sincera do trabalhismo. Convocamos todos os trabalhistas, PDT e PTB, PTB e PDT. O momento é propício, é de regozijo, ao velho, ao recente, ao novo, ao futuro do trabalhismo. Entendo que temos uma força comum de idéias, principalmente aqui no Rio Grande, e que podemos dar um passo, aqui nesta Casa, na Assembléia Legislativa, no povo rio-grandense, para colocarmos, quem sabe, novamente a bandeira do trabalhismo no Palácio Piratini, em 2002.

Para encerrar quero, mais uma vez, solicitar aos trabalhistas esta união, para que possamos colocar o trabalhismo no Palácio Piratini. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Anunciamos a presença, que muito alegra a esta Casa, da Escola Municipal Pepita de Leão, composta por quarenta alunos da 6ª série, acompanhados das Professoras Ana Inês Arce, Raquel Pacheco de Lima e Clarice Statquevios. Esta atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desenvolve junto a escolas da Capital e da Grande Porto Alegre. Sejam todos, pois, muito bem-vindos a esta Casa.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a data de hoje evoca dois fatos importantes na vida nacional. Um de alegria, porque comemoramos o Dia do Soldado, de prestarmos as nossas homenagens ao Patrono das Forças Armadas Brasileiras, Duque de Caxias, e pelo reconhecimento da importância desta instituição para os destinos nacionais.

Portanto, aproveitamos este momento, por ocasião do uso de tempo de Líder da Bancada do PDT, em meu nome, em nome dos Vereadores Ervino Besson, Humberto Goulart, Nereu D’Avila e João Bosco Vaz, para saudar a nossa representação das Forças Armadas, que aqui se faz presente, por ocasião da passagem do Dia do Soldado e a homenagem ao dia do Patrono dessa instituição, que acontece amanhã, dia 25, e cuja homenagem, por oportuna iniciativa do Ver. Pedro Américo Leal, antecede-se para o dia de hoje, já que amanhã não teremos Sessão plenária.

De outro lado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PDT não poderia, nesta oportunidade, deixar de fazer o registro, também, de uma data que é um marco de tristeza, porque foi em 24 de agosto de 1954 que o Presidente Vargas desferiu um tiro no próprio coração, levando o País a uma grave crise institucional.

Eu tenho dito sempre – e é importante a presença, aqui, de jovens estudantes de uma das escolas da Cidade de Porto Alegre – que, se a marca do século XVI foi Cabral, se a marca do século XVIII foi Tiradentes, se a marca do século XIX foi Pedro I, foi Duque de Caxias, no nosso Rio Grande a figura de Bento Gonçalves, eu não tenho dúvida, Ver. Estilac Xavier - dentro de 200 a 300 anos, quando os estudiosos e o nosso País voltarem os olhos para o século XX, dirão que, indiscutivelmente, a figura mais importante do século XX foi Getúlio Vargas.

Fala-se muito, hoje, em modernidade, mas não há dúvida de que a Revolução de 1930, capitaneada por Getúlio Vargas e pelos gaúchos - poder-se-ia dizer também pelos brasileiros -, indiscutivelmente, introduziu o Brasil na modernidade.

Ainda hoje temos presente que a mensagem contida na carta-testamento de Getúlio Vargas é uma mensagem muito presente, é uma mensagem de extrema atualidade, em que se procura, num mundo globalizado, preservar os interesses da soberania nacional e os interesses do nosso País. Por isso, talvez, a importância de falarmos nisso antes mesmo de iniciarmos a solenidade que presta homenagem ao Patrono do Exército Brasileiro, Duque de Caxias, e ao Dia do Soldado, que ocorrerá amanhã.

É oportuno falar que há uma sincronia nessas modernidades, pelo papel que Getúlio Vargas desempenhou na nossa contemporaneidade, na preservação dos valores da economia nacional e na introdução, efetivamente, do nosso País na busca da defesa dos nossos valores, da nossa soberania e da nossa economia e, de outro lado, o papel do soldado, das Forças Armadas que têm um papel dignificante na vida nacional, pois é, hoje, o Exército Nacional que luta como instituição constitucional permanente pela preservação dos interesses nacionais e da preservação da soberania nacional, sobretudo, no dia-a-dia da nossa Amazônia ameaçada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Neste momento, por proposta do Ver. Pedro Américo Leal, esta Casa Legislativa passa a homenagear o Dia do Soldado. Convidamos para compor a Mesa o Ex.mo Sr. Comandante da 3ª Região Militar, General de Divisão Virgílio Ribeiro Muxfeldt, neste ato representando o Comando Militar do Sul; o Ex.mo Sr. Comandante do V COMAR, Major Brigadeiro do Ar Juniti Saito; o Ex.mo Sr. Chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sul, General de Brigada Luiz Carlos Minussi; o Ex.mo Sr. Comandante de Artilharia Divisória da 6ª Divisão de Exército, General de Brigada Gilberto Arantes Barbosa; o Ex.mo Sr. Capitão dos Portos de Porto Alegre, Capitão de Fragata Pericles Vieira Filho, neste ato representando o 5º Distrito Naval. Contamos, também, com a presença dos senhores oficiais superiores das Forças Armadas, além dos Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras.

Neste ato, convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional pela banda de música do Comando Militar Sul, regida pelo Maestro 2º Tenente Ivanir Martins da Silva.

 

(A Banda do Comando Militar Sul executa o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em nome desta Casa Legislativa, fará uso da palavra o Coronel Ver. Pedro Américo Leal, que tão bem representa esta Casa em todos os aspectos, mas, neste, de uma maneira especial.

Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª dispõe, como autor, proponente, do tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho impressão de que terei dificuldade em ler o que escrevi, estou regressando de uma operação de vistas, mas vou fazer força.

Vinte e cinco de agosto, a Pátria reverencia com solenidade em todos os seus quartéis a figura de Luís Alves de Lima e Silva, o maior dos soldados, indubitavelmente. E, aqui na Câmara, recebemos os nossos irmãos militares e os abraçamos.

Fui um estudioso de Caxias. O meu gabinete, como todos sabem, até hoje, de Deputado até a Vereança, é um culto a Caxias.

Guardo por Caxias, como já declarei várias vezes desta tribuna e lá na Assembléia, uma admiração religiosa, porque estudei Caxias. Não me conformava com Caxias, um fidalgo, repentinamente, ser elevado a Patrono do Exército. Por quê? E fui entender então quem foi esse homem.

Repito, em meu gabinete de Deputado que fui, de Vereador que sou, permanece esse culto à figura de Caxias, espírito de luz, que atravessou os tempos, doando-se, sofrendo, passando injustiças, sofrendo calúnias. A inveja é que destrói; quem não sabe o poder da inveja?! Calado, foi sempre um homem solitário. Caxias foi um homem solitário! Até parece uma surpresa dizer isso, mas foi. Pelas funções que ocupou sempre tinha de ficar só. Muito comando nas suas mãos, e o comando faz com que o homem se distancie das criaturas comuns. Assim como o Papa; V. Ex.as, todos hão de considerar o que não há de ser a solidão papal. Como deve ser terrível! Transportem-se, então, para Caxias, há cento e quarenta anos atrás; era responsável pela Pátria e permanecia nessa distância, respeitosa.

Há trinta anos, por nossa iniciativa, em pleno regime militar de que fiz parte, busquei fazê-lo mais conhecido do mundo civil. Criamos a Sessão Solene Legislativa, que atravessou a Assembléia por quinze anos, e há poucos anos chegou à Câmara o culto a Caxias. Sempre partindo dos meus colegas; eu não tive iniciativa. São os Vereadores que inventam, que fazem tudo; eu fico quieto.

Agora são outros tempos: meus colegas Vereadores brindam-me com a exaltação a esse admirável homem da história, responsável pelo Brasil ter a extensão territorial que tem hoje. Sem Caxias, o Brasil estaria desmembrado. Napoleão, ao vencer a distância que o separava de Moscou, na grande marcha que fez sobre a Rússia, praticamente percorreu o caminho que vai do Rio de Janeiro a Recife. Nada! Enquanto ele, Caxias, cortou o Brasil, rechaçando levantes a toda hora, ameaçando o desmembramento da Pátria, durante toda a sua vida de soldado. Com compreensão, mais do que com as armas, até com amor, pacificou, convenceu o povo que se engalfinhava, ávido de insurreição, reduzindo tensões. Daí o seu título: O Pacificador. Eu tenho, graças a Deus, essa medalha, com palma e sem palma.

Ele era tão amigo, que do grande Bento Gonçalves, aqui neste Estado, conseguiu amizade espontânea. Bento Gonçalves, em uma recepção, ao se deparar com ele e sua esposa, Anica, teve aquela frase famosa, que todos os gaúchos conhecem: virou-se para Caxias e disse: "Bem montado, hein, meu General? Referindo-se à esposa. Termo gaúcho: “Bem montado, hein, meu General? Mas eram amigos, maçons, estimavam-se. Ele era assim.

Lá de sua morada na Conde de Bom Fim, 186, perto do Instituto Lafayete, partiu para as revoltas, onde sempre viveu: o campo de batalha era o seu lugar de serviço. E, é bem verdade, a contragosto, cumpria a missão. Quinze anos afastado da família - mulher e duas filhas - que via em raras oportunidades.

Quinze anos não são quinze dias ou quinze meses! Entendemos, então, o que foi a vida desse fidalgo, suplantada pela visão de soldado. Só, percorrendo do Maranhão ao Rio Grande. Esteve aqui também na Insurreição Farroupilha. Chamado desesperadamente a salvar o Brasil, logo depois do desastre de Curupaiti em que os aliados, indisciplinados - a verdade é essa, Curupaiti era uma desorganização! -, abandonaram a tropa à própria sorte, a desordem reinava. Escutou a súplica desesperada do Marechal Osório, enorme soldado guerreiro, mas precário aglutinador.

Sua carta desesperada ecoa até hoje para a tropa que acampada, estava desordenadamente e bebendo à vontade. Uma verdadeira orgia! E Osório manda para ele uma carta desesperada. "Espero Vossa Excelência, como anjo da guarda. Não tenho ambição; não desejo comando; sei que não sou nada, mas desejo ajudar V. Ex.ª a salvar a honra da nossa Pátria”. Face àquela bagunça tremenda de Curupaiti, o velho soldado, que havia sido preterido pelo Imperador para exercer o comando-geral da Guerra do Paraguai, assume o insucesso em desespero de causa. Ele, que não havia sido escolhido, vai “quebrar o galho.” E, em 1866, assume o comando e a confusão de Curupaiti. Prepara, por algum tempo, a tropa; faz a Marcha de Flanco, Tuiu-Cue, atravessa o Curupaiti, Pilar, vai a Tuiuti; parece até um centroavante, Ver. Fernando Záchia, em direção ao gol.

Estafado, doente, regressa à Pátria. Volta para casa em 1867, e o que vê? O pai e os filhos mortos. Não tinha mais. Regressa; atravessa o Humaitá; constrói a estrada sobre o Chaco, vai para o campo de batalha.

Imaginem essa façanha há cento e quarenta anos, com toda a operacionalidade da época! E que logística assistia Caxias? Nenhuma. Estava salvo o Brasil da confusão bélica em que se metera.

Essa história é verdadeira dos fatos e dos acontecimentos, sem colocar tintas que possam embelezá-la.

Regressou alquebrado, e, lá no porto, depois de todas essas façanhas, de todas essa vitórias, cansado das lutas. O Imperador o esquecera completamente. Mas o soldado está acostumado a isso. Na sua chegada, não compareceu um representante da corte, tampouco o Imperador. Dura recepção ao velho soldado, que a tudo observava triste e calado. Caxias era homem triste e calado. No cais, apenas uma carruagem, a sua esposa Anica, saudada por Bento. O velho e fiel escravo Manoel, analfabeto, mas leal. Voltava sozinho, silencioso, calado, como sempre vivera, traço que o identifica com a conduta do Exército do qual é patrono.

O Exército é calado, até o chamam “O grande mudo”; é um silêncio à distância, que a autoridade militar observa e mantém sempre. Não é superioridade: é a força do Exército. Na discrição que tem, reside a sua autoridade. O homem exato, da rua, o povo chama é um “Caxias”. Esse camarada é um “Caxias”, pois é um indivíduo exato, certo, cumpre as normas, é um “Caxias”. Esse é o Exército que, hoje, nós recebemos. É o Exército que tanto amo, o grande mudo, se quiserem chamá-lo assim. Muito bem, podem chamá-lo, nós sabemos que não há nisso nenhuma ofensa. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Cadete Getúlio Vargas deixava a Academia, e um compadre dizia ao seu pai, o Gen. Manoel Sarbanho Vargas: “General, o Brasil perde um general, mas ganhará um presidente”.

Com essas palavras nós fazemos a nossa saudação ao Dia do Soldado. Ao Dia de Caxias. Quando estamos a referir o soldado, estamos a aludir o soldado da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. É bom que, neste momento, possamos refletir sobre a realidade brasileira. Vejam a dimensão do nosso País, são 8 milhões de km2, mas isso se deu por acaso? Isso aconteceu de forma aleatória? Absolutamente, não. Ao homenagearmos os soldados, temos de dimensionar esses valores. Não estaria, Senhores Oficiais, a presença das Forças Armadas, neste imenso País continente? O Brasil, com esta dimensão, é um dos maiores países, em nível de território, do mundo. Em áreas aráveis talvez estejamos em dimensões igualitárias aos Estados Unidos, mas isso aconteceu por acaso? Um País cercado por outros países? Está aí, sim -, e este é o momento de reflexão, as Forças Armadas do Brasil – aliás, é uma das ideologias de Caxias, Ver. Pedro Américo Leal, destacado por V. Ex.ª - exatamente, o princípio da unidade e indivisibilidade do território nacional. A sua intervenção, referenciando os históricos acontecimentos Farrapos, dá bem a dimensão da ideologia, que sempre esteve no pensamento das Forças Armadas, no pensamento do Exército Brasileiro, qual seja: a unidade do País; na grandeza do país, na grandeza territorial.

Já tivemos a oportunidade - quando concedíamos aqui, por iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, o título ao General Pinto - de colocar algumas reflexões sobre o papel do Exército, das Forças Armadas, onde exerceu a função de mediador, extremamente de integrador, nesses momentos tumultuados da história brasileira. Nós estamos próximos das comemorações dos 40 anos de um acontecimento político–militar, onde, num determinado momento, o Exército, Aeronáutica e a Marinha encontraram formas, caminhos para que se vencesse aqueles episódio na defesa da Legalidade.

É a homenagem do PTB, do Partido Trabalhista Brasileiro ao Dia do Soldado, ao soldado brasileiro - estão aqui todos representando – que foi lá na 2ª Guerra Mundial fazer o quê? Defender a liberdade, defender a democracia. Lá estava o Brasil, pelo seu Exército, pelas suas Forças Armadas, defendendo o que temos hoje, conquistas que haveremos de conservar sempre: a liberdade e a democracia.

A nossa homenagem, o nosso reconhecimento, o reconhecimento da Casa, do povo de Porto Alegre ao papel transcendental que exercem as Forças Armadas no desenvolvimento do País, na unidade do País, enfim no desenvolvimento e na defesa da Constituição, da democracia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convidamos aos presentes para ouvirmos a execução da Canção do Exército e, após, do Hino Rio-Grandense pela Banda do Comando Militar do Sul, regida pelo Maestro 2º Tenente Ivanir Martins da Silva.

 

(Executam-se a Canção do Exército e o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença de todos os senhores e senhoras, na certeza de que esta Casa Legislativa registrou a importância que tem para Porto Alegre, especificamente, mas sem dúvida alguma para todo o Brasil, para a manutenção do processo democrático, o soldado e o Exército Brasileiro. Agradecimentos especiais ao General de Divisão Virgílio Ribeiro Muxfeldt; ao Major Brigadeiro do Ar Juniti Saito; ao General de Brigada Luiz Carlos Minussi; ao General de Brigada Gilberto Arantes Barbosa; ao Capitão de Fragata Pericles Vieira Filho, bem como a todos os senhores oficiais e soldados que tão bem representam o Exército.

Estão suspensos os trabalhos para despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h42min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 10h49min): Estão reabertos os trabalhos.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, aproveito a oportunidade para trazer a esta Casa, mais uma vez, a reflexão de um tema, que talvez seja um tema prioritário a ser enfrentado em nosso Município. Nós temos visto que os anos eleitorais, em Porto Alegre, têm sido, nesta última década, os anos das grandes promessas; os tempos que se intercalam entre as eleições são os tempos das buscas de justificativas das promessas não cumpridas, dos discursos modernos de combate à exclusão, da realização de debates, conferências e grandes ações de marketing. Mas quando olhamos as ruas - não as ruas dos bairros das classes “a”, “b”, da classe média, mas das ruas escondidas, das famílias das vilas, da Vila Dique, das Ilhas do Delta do Jacuí, das áreas que circundam a Restinga ou das ruas escondidas, perto do Centro; as vilas escondidas e cobertas de lixo, de animais doentes, que circulam junto às crianças.

Eu fico às vezes impressionada quando vejo que, em nossa Cidade, tão pouco conhecemos nossos irmãos, nossos irmãos de infortúnios das cento e cinqüenta vilas desta Cidade.

Quando esta situação é denunciada por um Vereador de oposição, muitas vezes há uma tentativa de desqualificar essa denúncia, como se o fato de sermos políticos nos impedisse de sermos cidadãos com condições de nos indignarmos diante da miséria e da crescente exclusão social apontada, inclusive, nas pesquisas oficiais da ONU e do IPEA. Recentemente, um Juiz da Infância e Adolescência da nossa Capital publicou um artigo sobre Porto Alegre e a exclusão social, o que foi realmente elucidativo sobre uma situação que conhecemos. Talvez, por ser tão grave e dramática, poucos queiram acreditar que ela exista. Surpreendeu-me também algumas declarações - nessa mesma época - do Presidente da FASC, que foi à imprensa dizendo que precisamos derrotar o modelo econômico perverso. Isso é verdade. Cada vez que em uma sociedade se comprova a perversidade de algum modelo - e isso é que é realmente majoritário nessa etapa da história - é o nosso dever de cidadãos lutarmos contra ele. Mas, por favor, não vamos relegar as nossas responsabilidades, não vamos transferi-las. Quem é Executivo tem a responsabilidade, o dever e o compromisso de priorizar ações de políticas públicas capazes de preservar a vida e a dignidade das crianças que, hoje, em Porto Alegre, crescem em número e dormem drogadas nas ruas do Centro abandonado da Cidade. No mesmo Centro do qual as políticas públicas falam em revitalização. Então, revitalizemos as pessoas, revitalizemos as possibilidades de fazê-las cidadãs. Façamos o debate ideológico. Mas o Executivo tem a sua missão de executar políticas capazes de virar essa página de crescimento da exclusão social em nossa Cidade. É verdade que é importante falar do ECA, mas fico pensando nos governos que, por anos a fio, falam dele, falam sobre ele e não são capazes de conseguir priorizá-lo nas suas ações públicas. Não seria melhor, então, falarem menos e executar mais? Quem sabe, assim, se retomaria um caminho efetivo, real, para dar chance a essas crianças de serem cidadãs. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: (Lê.) “Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, começa a funcionar nesta Casa a CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, para apurar denúncias sobre a política de habitação no Município de Porto Alegre. Tenho dito, e vou repetir, que esta CPI não é uma jogada política, como afirma o Vice-Presidente desta mesma Comissão, o Ver. Marcelo Danéris. Não sou afeito a esse tipo de coisas. Jogada política não faz o meu gênero. Não é assim que pretendo desenvolver o meu trabalho como Parlamentar. Sempre fui um homem transparente nas minhas posições e, ao longo da minha vida, sempre alcancei os meus objetivos sendo assim: franco, objetivo, transparente, peleador, sem, no entanto, guardar mágoas ou rancores, de quem quer que seja. Quando resolvi liderar o movimento para a coleta de assinaturas, visando a implantar a CPI da habitação, fiz com a intenção de atender apenas aos reclamos das pessoas que passaram a me procurar na Câmara Municipal, já na condição de Vereador eleito. Para tentar resolver esses problemas é que buscamos a CPI.

Se tenho vencimentos, no final de mês, para ser Vereador, eu preciso fazer por onde merecer esse salário. Só isso. Estou aqui para trabalhar. Enganam-se aqueles que pensam que sou homem de jogadas políticas, mesmo porque eu não aprendi - e não vou aprender - a fazer jogadas políticas, viu meu caro Marcelo Danéris? E mais: não podemos julgar as pessoas pelo que fazemos ou pensamos. Não preciso dizer aos meus amigos e amigas Vereadores, que fazem parte deste Parlamento, da importância que é ter uma moradia, realizar o sonho da casa própria, por mais humilde que ela seja. A moradia é algo sagrado, e se o DEMHAB é o órgão que responde por esse setor do Município, e se tem munícipe insatisfeito, julgando-se prejudicado por esta ou aquela ação do Departamento, merece e tem todo o direito de exigir a nossa atenção, e o nosso trabalho em torno deste assunto.

Então, a CPI, que começa a funcionar nesta terça-feira, não está julgando, não está culpando, não está acusando ninguém. A CPI vai buscar apenas esclarecer denúncias, e, na medida do possível, encaminhar soluções. O resto é choro político, o resto é envolvimento político, coisa em que não me meto, porque não entendo, e não pretendo ser assim nesta atividade pública. Sempre fui um homem público, como comunicador, e nunca me arrependi de tentar ajudar as pessoas. Arrependo-me, sim, é das vezes em que, por um motivo ou outro, deixei de estender a mão a quem me procurou.

Apresentei nesta Casa um projeto que talvez possa ser até um complemento do que já existe. Os portadores do mal de Hansen são isentos do pagamento do IPTU. A exemplo do mal de Hansen, o vírus HIV e tumores malignos constituem-se em males brutais que dilaceram as pessoas no campo existencial e financeiro. Esses males exigem tratamentos caríssimos, e nós, brasileiros, não temos um sistema de saúde que atenda às pessoas portadoras dessas doenças com um pouquinho de dignidade. Os portadores do vírus da AIDS e tumores malignos, ficando isentos do IPTU, terão uma pequena ajuda de nós, Vereadores, que estaremos estabelecendo para essas pessoas. E os portadores do vírus HIV, fiquem tranqüilos, porque temos jeito de fazer esse auxílio chegar a todos, sem que vocês precisem se expor. Rogo a todos vocês, Vereadores e Vereadoras desta Casa, para que me ajudem na aprovação deste Projeto com a sanção e execução do Sr. Prefeito Municipal.

Às vezes, minha gente, fico parado, pensando sobre o que eu posso fazer na vereança. Explico. É que eu apresentei, nesta Casa, o Projeto do Restaurante Popular. O Projeto deve entrar em votação até o final do ano, penso eu. Mas me contaram que a SMIC já procura um local para fazer um restaurante popular. Tudo bem, para mim pouco importa se o restaurante popular irá funcionar, sem antes tramitar nesta Casa. Mas eu só queria entender, se alguém pode-me explicar: o Vereador tem uma idéia, entra com o Projeto e, antes de ser discutido, aprovado e sancionado, ele é aproveitado pela Prefeitura, que o executa como dela fosse a idéia, a iniciativa. Esse jeito de fazer política é só do Partido dos Trabalhadores?

Há outra coisa que me deixou encafifado. Ontem, o Jornal Sul, na página 23, matéria geral, traz a seguinte manchete: “Camelôs aceitam mudar para shopping popular.” Tudo bem. Ao ler a matéria, eu nada vi sobre o Projeto do Ver. João Carlos Nedel, que deu entrada nesta Casa, de matéria que aborde esse assunto. Pelo contrário, ela afirma que a SMIC está procurando parceiros para possibilitar a implantação dos shopping populares na Capital. Eu só quero entender, Perguntar não ofende. Ou já ofende? Que jeito gozado esse de o PT fazer política! Parece aquele pássaro anu, um aproveitador. Que jeito estranho de o PT administrar! Faz cortesia com o chapéu dos outros! Desculpem-me, eu só quero saber se é assim que se faz política. Se for assim, desculpem a minha ignorância. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Comunicações por cedência do Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta semana foi instalada, nesta Casa, como disse o Ver. Haroldo de Souza, uma CPI. É interessante que o principal proponente dessa CPI, o que conversou com dezenove, ou vinte Vereadores, se não me engano, e que disse que tinha motivos para pedir a CPI - que se chama Haroldo de Souza - renunciou à presidência da CPI. Qual a responsabilidade que tem um Vereador ao pedir uma CPI, diga-se de passagem, com dezenove pontos: uns, repetidos; outros, mal dirigidos; outros, caracterizando devassa, querendo fazer um debate sobre os doze anos. Eu pergunto: qual é o fato determinado que existe para essa CPI?

Qual é a responsabilidade de quem sequer fica no Plenário para ouvir o debate? Qual é a responsabilidade de quem pede uma CPI e não assume a presidência dessa CPI? Qual é a responsabilidade de um Vereador ao conversar com tantos outros Vereadores, mobilizar a Casa, chamar a imprensa e, na hora em que deve assumir essa responsabilidade, não assume e renuncia à presidência? Quem sabe, o Vereador já vê que essa CPI não tem fato consolidado, determinado para que ele consiga ser presidente e conduzir esse trabalho? Na falta desses fatos e de assumir as suas responsabilidades, repassa-as para outros Vereadores.

O Diretor Pestana, do DEMHAB, esteve nesta Casa, só neste ano, Ver. Ervino Besson, três vezes. Todas as vezes em que foi chamado pelos Vereadores desta Casa para dar explicações, para conversar com a comunidade, esteve presente.

Todos os documentos necessários para serem vistos estão à disposição de todos os Vereadores, mas, mais do que isso, estão à disposição do Ministério Público, estão à disposição da Polícia Federal, estão à disposição da imprensa, e o próprio Diretor.

Agora, vejam só a quantidade de denúncias vazias: algumas pessoas dizendo que o nosso Diretor, Pestana, trocou apartamento para descascar batata. Vejam a seriedade disso! Depois, “para abanar bandeira na esquina”. Vejam que absurdo! É de conhecimento público que o Partido dos Trabalhadores nas suas eleições têm várias pessoas que, de maneira voluntária, tomam a Cidade abanando bandeiras. Alguém acredita que seja necessário dar um apartamento para alguém abanar uma bandeira numa esquina? É com esse grau de seriedade que começou a CPI. Depois: “que trocava o apartamento para descascar batatas”. Alguém de sã consciência acredita seriamente que isso possa ser uma denúncia séria para se fazer uma CPI? Não bastasse isso e apesar dessas denúncias vazias, o Ver. Haroldo de Souza propõe a CPI e busca as assinaturas, e, na hora de ser instalada, qual a nossa surpresa? Não assume a presidência da CPI, se diz incapaz de assumir por falta de experiência, mas tem responsabilidade para pedir a CPI, tem responsabilidade para elencar dezenove pontos, mas não tem a responsabilidade para assumir a presidência do que pediu.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Marcelo Danéris, o não-assumir a presidência de uma Comissão Parlamentar de Inquérito não é um fato estranho nesta Casa. No ano passado, a Ver.ª Helena Bonumá pediu uma CPI e não assumiu a presidência e ninguém falou mal dela.

 

O SR. MARCELO DÁNERIS: Quando nós pedimos a CPI, aqui, nós mesmos assumimos. Assumiu o Ver. Juarez Pinheiro, da nossa Bancada. Então, não tem nenhuma contradição nisso, o que é bem diferente do que fez o Ver. Haroldo de Souza que, além de não assumir a presidência, articulou para que outro Vereador, de outra Bancada, assumisse a presidência da CPI.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, antes de mais nada, quero dizer a V. Ex.ª, que é um Vereador de primeira Legislatura, que eu tenho enorme admiração pelo trabalho de V. Ex.ª - digo isso com toda a transparência por que reconheço em V. Ex.ª um Vereador que está-se destacando brilhantemente. No entanto, quero, neste momento, divergir de V. Ex.ª, porque a questão de assumir ou não a presidência, de articular ou não uma outra candidatura para a presidência, Vereador - com toda sinceridade, lealdade e estima que tenho por V. Ex.ª -, não é uma questão fundamental. Muito obrigado.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: V. Ex.ª está no seu direito; agradeço a V. Ex.ª pelos elogios, mas discordo, porque democraticamente, aqui, nós assumimos a responsabilidade do que pedimos. A CPI é algo grave, tem de ser feita com muito cuidado e assumir a responsabilidade sobre o que nós pedimos. São dezenove pontos, uma CPI que envolve esta Casa, envolve uma trabalho de habitação exemplar feito para ser visto pelo Brasil do que se faz em habitação em Porto Alegre, e quem pede não assume a sua responsabilidade.

Então, não posso concordar com isso. E não posso concordar que articulações de bastidores retirem outras possibilidades, como a do Ver. Humberto Goulart, que também era um dos proponentes da CPI, que sequer ficou na Comissão e que poderia, neste momento, ser o nosso Presidente.

Então, não admito as articulações de corredores, prefiro que o debate seja feito aqui, transparente, neste Plenário.

Então, vamos assumir a nossa responsabilidade. O PT encara com tranqüilidade qualquer CPI, estaremos presentes contribuindo para mostrar que aqui se faz política habitacional em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações por cessão do tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa é repleta de corregedores. O Vereador, ao invés de se preocupar com os problemas da Cidade, está mais é preocupado em criticar o seu companheiro. Ele quer que outro Vereador aja exatamente como é a sua vontade.

O Ver. Marcelo Danéris não veio aqui à tribuna elogiar o Ver. Haroldo de Souza, que se despiu de toda a vaidade que qualquer Vereador aqui teria de presidir uma CPI dessa estirpe. Todo o mundo está pedindo, a sociedade porto-alegrense está pedindo, todos querem que se averigúe o DEMHAB. A política habitacional de Porto Alegre é tão vergonhosa, é tanto dinheiro que foi colocado na habitação e tão pouco foi feito nesse sentido que, há muito tempo, a sociedade porto-alegrense já pedia uma CPI. Ao invés de se elogiar o Ver. Haroldo de Souza, que se despiu desta vaidade e não quis presidir a CPI, entregando-a a um outro companheiro que acreditava que, na condução da CPI, poderia ter melhores condições, ao invés de fazer esse elogio, ele vem e critica o Ver. Haroldo de Souza, como se ele fosse o corregedor. Ele está chegando agora; ele acaba de chegar! Ele acha que é o todo-poderoso, que pode ditar as normas nesta Casa e dizer o que um Vereador deve fazer. Ora! Ele tem de trabalhar, ele tem de ir lá na sociedade, nas vilas populares e ver o que está acontecendo por lá. Que vá ver, por exemplo, aqueles moradores que foram transferidos lá da região do Jóquei Clube, na região do Prado, que foram instalados lá na Vila Nova, cuja transferência foi acompanhada por Vereadores durante muito tempo; que vá ver o sofrimento daquelas pessoas, cujas casas são computadas pelo DEMHAB, com muito orgulho, como sendo construídas pela Administração Popular. As pessoas estão lá, Ver. Pedro Américo Leal, entregues ao maior descalabro administrativo possível, sem esgoto, com as casas caindo - e as casas foram construídas há pouco tempo -, com todos os problemas do mundo.

Ele vem à tribuna e diz que o Ver. Haroldo de Souza não pode pedir uma CPI sem presidi-la. Não!

O Ver. João Antonio Dib lembrou muito bem que, no ano passado, a Ver.ª Helena Bonumá pediu uma CPI, e na hora “h”, quando foi escolher a presidência, foi o Ver. Juarez Pinheiro quem a presidiu. Mesmo a CPI não tendo chegado a ponto nenhum, a lugar nenhum, o Ver. Juarez Pinheiro publicou os resultados aos quatro ventos, e ninguém falou nada.

O PT não manda nesta Casa! Esta Câmara de Vereadores é composta por trinta e três Vereadores, sendo dez do PT. As outras Bancadas tem as suas representações, e cada uma das Bancadas sabe muito bem representar aquelas pessoas que os trouxeram para cá para formar esta Casa. Não é um Vereador do PT, que está começando agora, que vai dizer como esta Casa deve agir.

V. Ex.ª, Ver. Marcelo Danéris, tem de estar preocupado com as investigações. Nós temos é que chegar ao fundo dessas investigações e ver se realmente o Diretor do DEMHAB não agiu de forma imoral, utilizando os bens públicos para se autobeneficiar. Precisamos ver se as casas do DEMHAB não foram utilizadas, de acordo com aquela denúncia que foi feita no Diário Gaúcho. Não foi ninguém desta Casa que fez essa denúncia, saiu no Diário Gaúcho, por uma senhora que abanava uma bandeira do PT, em frente ao Centro Vida. Aquela senhora, de acordo com as denúncias que foram feitas, só estava lá, porque havia uma promessa de que ela iria ganhar uma casa do DEMHAB. E assim, quantas bandeiras vermelhas foram abanadas aqui nesta Cidade, exatamente, por causa dessas promessas que o PT faz, utilizando o patrimônio público? E nós não podemos investigar. E quando alguém quer investigar ainda vem um Vereador, que está começando agora, e diz que não pode, que não tem que ser assim. Ora, preocupação é com a seriedade, com a honestidade, e não preocupação com o que faz o outro Vereador. Não é lugar aqui nesta Casa de corregedor, aqui é lugar de Vereadores.

Os Vereadores estão preocupados, tem de estar preocupados com a sociedade, com o que está acontecendo na sociedade, com os prejuízos da sociedade. O Vereador não tem de estar preocupado com o que o outro está fazendo. Cada Vereador tem lá a sua representatividade e cada Vereador sabe, exatamente, por que está aqui e a representatividade que tem. Eu, como Vereador, nego o direito a qualquer companheiro aqui, nesta Casa, de ser corregedor dos outros. Aqui nesta Casa não tem corregedor, aqui nós temos é Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, em nome da Bancada do PPB, solicito que seja feito um minuto de silêncio em memória do Prefeito de São Vicente do Sul, Fernando Pahim, falecido tragicamente ontem.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. João Antonio Dib, de pronto esta Presidência defere o seu pedido. Lamentavelmente, foi um fato muito triste o que aconteceu no dia de ontem.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

(O Ver. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, eu quero saudar o Ver. Pedro Américo Leal, que hoje prestou esta homenagem ao Exército. Este Vereador serviu ao Exército em 1964, na época da Revolução. Um dia, terei a oportunidade de contar a história do ano em que permaneci servindo no 19 RI. Somos em quatro irmãos. Quando chegou a época de servir, não tínhamos idade, mas todos serviram, porque quando o irmão mais velho serviu nos aconselhou que o fizéssemos. Portanto, como havíamos perdido a mãe, tínhamos o direito de não servir, mas achamos oportuno.

Quero parabenizar V. Ex.ª pelo Dia do Soldado.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O quadro do 19 RI foi muito sério. V. Ex.ª não está-se estendendo, mas o 19 RI passou por problemas muito graves.

 

O SR. ERVINO BESSON: Um dia terei oportunidade de contar a história que se passou do 19 RI.

Mas eu não poderia, hoje, depois do dia de ontem, deixar de participar das comemorações dos 40 anos da Legalidade na Assembléia Legislativa do Estado. Ouvi os pronunciamentos das pessoas, depois apresentaram um vídeo - quero parabenizar a RBS por ter programado e montado aquele vídeo contando a história do que se passou na época da Legalidade. Naquele momento, várias pessoas me disseram que se emocionaram ao ouvir o relato do Presidente da Câmara, do Pedrinho Sirotsky, do Brizola. Lembrei-me de quarenta anos atrás, quando o Brizola foi Governador do Estado, vejam a história deste homem. Eu residia no interior do interior de Casca. Um certo dia, chegou lá uma equipe do Governo procurando um local para construir uma escola. Era uma região com uma família bem distante da outra, até dois quilômetros. Nem por isso o Brizola deixou de construir uma “Brizoleta”. Ali é que fomos alfabetizado, numa escola que iniciou com oito alunos e terminou com onze alunos. Este Vereador estudou numa escola construída pelo então Governador Leonel de Moura Brizola.

Ontem, vendo aquela história, quem é que não se emocionou?. O que representou o Governador Leonel Brizola para este nosso Estado, para este nosso povo, para esse nosso Rio Grande amado? A educação do povo. Então, faço a seguinte pergunta: será que este Vereador estaria aqui, hoje, colaborando como Vereador desta Cidade, se não fosse alfabetizado por uma escola que foi construída pelo Brizola, naquela época? Como tantas outras escolas que foram espalhadas pelo nosso Estado do Rio Grande do Sul! Orgulho-me de ser Vereador desta Cidade e de ter, nesta Casa, um Vereador como o Ver. Pedro Américo Leal, que foi um dos heróis, naquela época, que não permitiu derramamento de sangue neste Estado. Eu vi o depoimento do nobre e querido colega Pedro Américo Leal.

Portanto, Vereador, esta Casa, o nosso Estado e o nosso Brasil orgulham-se por ter uma pessoa da sua dignidade aqui nesta Câmara Municipal. Portanto, quero aqui, do fundo da minha alma, parabenizar V. Ex.ª por essa atitude, pois, até então, este Vereador não era sabedor de tal grandeza de V. Excelência. Fica aqui o nosso abraço, o nosso carinho e os aplausos a V. Excelência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Informamos que o período de Comunicações, com a manifestação do Ver. Ervino Besson, está encerrado.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em dias em que a soberania nacional é enxovalhada, em que o povo, estarrecido, vê o nosso Governo Federal prostrar-se de joelhos frente ao FMI, em que nossas riquezas são, uma a uma, entregues ao grande capital internacional, em que direitos históricos dos trabalhadores são liquidados, é preciso relembrar o grande estadista brasileiro Getúlio Vargas, que, há exatamente quarenta e sete anos, se suicidava com um tiro no coração, pressionado pelas forças conservadoras do País e do mundo. Independente de quaisquer divergências políticas e ideológicas para com ele - e falo com a autoridade de um Partido que foi terrivelmente perseguido, em diversos momentos, por Getúlio Vargas. É mister reconhecer a trajetória progressista desse gaúcho de São Borja que concluiu a revolução burguesa no Brasil, iniciada com a abolição em 1888. De formação filosófica positivista, natural de um Estado de tradições rebeldes, com elites menos contaminadas pela ideologia escravista e oligárquica das classes dominantes de outros Estados (que tinham a sua economia baseada na monocultura escravista do café ou do açúcar), Vargas percebeu a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento. Mesmo sem nunca romper com as grandes potências imperialistas de então - Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha -, aproveitou-se habilmente de suas contradições. Promoveu a conciliação entre as classes dominantes - agora sob a hegemonia burguesa -, e incentivou a industrialização do País. Fez concessões aos trabalhadores, prevenindo conquistas inevitáveis, procurando ganhar o seu apoio. Estabeleceu um controle do câmbio. Criou a Companhia Siderúrgica Nacional, base da metalurgia nacional; a Companhia Vale do Rio Doce; a Fábrica Nacional de Motores; a Companhia Nacional de Álcalis, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. Em decorrência da grande campanha “O Petróleo é Nosso”, sancionou a Lei nº 2.004, que criou o monopólio do petróleo para a União e instalou a PETROBRAS. E, logo adiante, a ELETROBRAS. Denunciou os lucros extraordinários e a remessa abusiva de lucros pelo grande capital estrangeiro. Mas, tudo isso, Ver. Humberto Goulart, era demais para o grande capital internacional e seus sócios internos, que se mobilizaram para afastá-lo. Diante do ultimato dos chefes militares de então, recorreu ao suicídio como forma de deter o golpe em andamento, o que, efetivamente, foi evitado com a grande mobilização popular que se seguiu.

Por isso, nos dias de hoje, quando se desmonta a economia deste País, em que se abre mão da soberania nacional, em que se liquida os direitos dos trabalhadores, tudo em nome do “fim da era Vargas”, o PC do B, ao relembrar Getúlio Vargas, afirma a necessidade de uma grande mobilização nacional que una, neste momento, os partidos populares, os partidos progressistas, os partidos de esquerda, para que, em 2002, possamos dar um novo rumo para o Brasil, um rumo que defenda um projeto nacional próprio, o que não se confunde com desconhecer a necessidade da relação internacional do nosso País com todos os países soberanos, com os países democráticos, com os países que, também, trilham o seu caminho de construção nacional. Mas esta internacionalização precisa-se dar de forma soberana e se dar em cima de um projeto nacional próprio, como no tempo desse grande estadista, que, defendendo os interesses que entendia justos, procurou o desenvolvimento do Brasil, e, por isso mesmo, foi levado ao suicídio.

É esta a manifestação do PC do B no dia em que se registra a passagem dos quarenta e sete anos da morte de Getúlio Vargas. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Apregoamos Requerimento de retirada do Substitutivo nº 01 ao PLL nº 043/01, do Ver. Almerindo Filho. Deferido.

Apregoamos também a Emenda nº 01 ao PLL nº 220/01, que modifica o art. 1º do PLL nº 220/01.

Apregoamos o Substitutivo nº 02 ao PLL nº 043/01. (Lê.) “Dispõe sobre a garantia de vagas nas escolas municipais de ensino fundamental e médio para filhos de bispos, pastores, missionários e sacerdotes de qualquer credo religioso. Ver. Almerindo Filho.”

Também apregoamos o Substitutivo nº 01 ao PLL nº 038/01. (Lê.) “Dispõe sobre a confecção e distribuição de material explicativo acerca de doação de sangue e dá outras providências.” O autor é o Ver. Almerindo Filho.

O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nesta semana, no dia 21 de agosto, iniciaram-se as comemorações da Semana Estadual das Pessoas Portadoras de Deficiência, e, em alguns municípios também foi instituída a Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência; em nível de Brasil, temos a Semana Nacional, que busca uma reflexão sobre as questões que envolvem a nós, portadores de deficiência.

Na quarta-feira – até para justificar minha ausência neste Plenário -, estive, como Presidente da Federação Rio-Grandense de Entidades de Pessoas Portadoras de Deficiência Física, no Município de Panambi e em Santa Bárbara do Sul, a convite da comunidade desses Municípios, para levar a nossa experiência como parlamentar, como representante do povo de Porto Alegre, nas questões que dizem respeito aos direitos que envolvem a garantia das pessoas portadoras de deficiência. Em Panambi, eu estive no clube onde estava presente a Escola Especial Pequeno Príncipe, evento que envolveu toda a comunidade: pais, professores, alunos, estudantes, pessoas com deficiência. Tivemos lá uma grande experiência em relação ao projeto municipal que eles estão desenvolvendo.

À noite, estive no Município de Santa Bárbara do Sul, também a convite das Associação das Pessoas Portadoras de Deficiência de Santa Bárbara, num evento na Câmara Municipal local, com a presença do Prefeito Municipal. Lá também levamos nossas experiências como parlamentar e como dirigente da Federação das Entidades de Pessoas com Deficiência Física.

Por outro lado, Sr. Presidente, queremos registrar que, no dia 21 de agosto - nós que lutamos e vivenciamos o dia-a-dia das pessoas com deficiência – tivemos uma grande vitória na Assembléia Legislativa. Mais uma vez, o Poder Legislativo, assim como esta Câmara Municipal, tem respaldado essa luta que travamos com muito afinco. Trata-se da derrubada do Veto do Sr. Governador do Estado ao Projeto de Lei de autoria do Deputado Estadual Adilson Troca, que regulamenta o dispositivo da Constituição Estadual que possibilita o passe livre às pessoas portadoras de deficiência nos ônibus intermunicipais. Esse Projeto foi aprovado em junho e queremos registrar, nesta tribuna, a insensibilidade do Sr. Governador do Estado ao vetar esse Projeto de Lei, mas a Assembléia do Estado, mais uma vez, mostrando a sensibilidade dos Srs. Deputados, derrubou o Veto do Sr. Governador do Estado, inclusive com o voto da Bancada do Partido do Sr. Governador.

O Deputado Adilson Troca informou que foram 41 votos, portanto, a unanimidade dos Deputados presentes. Esse Projeto vai ser sancionado agora pelo Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Estadual Sérgio Zambiasi. E nós temos a certeza de que, no máximo, daqui a vinte ou trinta dias, nós teremos a normatização, a regulamentação desse Projeto, que vai, sem sombra de dúvida, beneficiar muitas pessoas que moram no interior do Estado e que precisam vir a Porto Alegre buscar a sua reabilitação, buscar um atendimento de saúde, buscar uma especialização, enfim, o que precisam para ter o seu direito pleno à integração social.

São pontos efetivos que buscam garantir a plena cidadania das pessoas portadoras de deficiência. Registramos que essa, sem sombra de dúvida, foi uma grande conquista.

Sr. Presidente, no dia 31 de agosto, estaremos na Assembléia Legislativa, no encerramento da Semana Estadual e Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, quando o Sr. Eliseu Padilha, Ministro dos Transportes, estará lançado oficialmente, no Estado do Rio Grande do Sul, o passe gratuito interestadual às pessoas portadoras de deficiência.

Nós estamos fazendo uma grande mobilização, estamos chamando todas as entidades, as associações do Estado para, na Assembléia Legislativa, registrarmos mais essa grande conquista, que é o direito das pessoas com deficiência poderem ser transportadas, usar o transporte interestadual gratuito, aqueles que assim necessitam, aqueles que precisam. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. HUMBERTO GOULART (Requerimento): Sr. Presidente, até solicitei que o Ver. Paulo Brum permanecesse na tribuna para me ajudar, emblematicamente, neste Requerimento que vou fazer. Acabei de receber uma notícia, que estava aguardando, de um médico cirurgião do Hospital Conceição, de que o número de pessoas que consultam para cirurgia vascular, e que fazem amputação de membros é de 68%, na primeira consulta! Sessenta e oito por cento das primeiras consultas para cirurgião vascular, no momento, é para amputação de membros, demonstrando a falência do sistema secundário, ou seja, a má gestão de diabéticos, de hipertensos, de arterioescleróticos.

Então, como isso preocupa, faço um Requerimento para a formação de uma Comissão Externa, para o acompanhamento desse fato gravíssimo que denuncio neste momento. Dirijo-me também ao Presidente da Comissão de Saúde, Ver. Pedro Américo Leal, no sentido de criarmos uma Comissão Externa para acompanhar este fenômeno grave, em que 68% das primeiras consultas por cirurgião vascular serem encaminhadas para a amputação de membros.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Humberto Goulart, V. Ex.ª, como médico, e a Casa, através da Comissão de Saúde, da qual V. Ex.ª faz parte, como Vice-Presidente, e cujo Presidente é o Ver. Pedro Américo Leal, temos obrigação de apurar a veracidade desses fatos.

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, dia 24, deveríamos, como cabe a uma Casa Legislativa, fazer reminiscências, homenagens, considerações históricas a respeito de vultos como Getúlio Vargas. Tenho para mim, independente da controvertida trajetória, que Getúlio Vargas é, sem dúvida alguma, o maior e o único estadista que este País produziu.

Sua história é controvertida, mas um estadista nasce na política estudantil, nasce do embate, do bom combate, nasce, às vezes, sentado, pela primeira oportunidade, numa cadeira de Vereador, depois como Deputado, Senador e, aqueles que conseguem unificar o País em torno de si, na Presidência da República. Getúlio Vargas teve responsabilidade pela Revolução de 30, e ali já o exército formatou-se próximo, porque via, ali, uma idéia de desenvolvimento, de nacionalidade, de autonomia. Esse mesmo exército, depois, o retirou logo após, no Estado Novo, atendendo ao reclamo popular.

Mas eu não quero tratar da figura de Getúlio Vargas. Aqui, hoje, tivemos, também, a oportunidade de falar sobre a vida do soldado. Lamentavelmente, não pude fazer parte desta tribuna. Vou recuperar o erro cometido, não por mim, mas pela estrutura do funcionamento, na homenagem da Semana da Pátria ao Exército Brasileiro. E, aqui, reverenciou-se o nome de um brasileiro, Duque de Caxias, Luiz Alves de Lima e Silva, que, também na sua longa trajetória de militar, foi Senador. Teve que se haver com as nossas forças farroupilhas na Guerra dos Farrapos. E, também, em razão disso, foi Presidente, na época, do nosso Estado.

Eu volto a dizer que é daqui que nascem, é por aqui que passam, talvez, a maioria dos políticos. É por isso que eu venho falar aqui hoje.

Na Sessão de sexta-feira passada, eu fiz uma Questão de Ordem, Sr. Presidente, com base no art. 94. Eu disse: “Sr. Presidente, requeiro tempo especial de 10 minutos para manifestação, porque me sinto atingido na minha honorabilidade”. Fui ao dicionário. Eu já sei o significado da palavra, mas quis tê-lo como diz o letrado Aurélio. “Honorabilidade é a qualidade de honorável, e honorável é aquele que é digno de ser honrado.”

Da tribuna, o nobre Ver. Haroldo de Souza disse que este Vereador, em nome do PT, o procurou dizendo-lhe que, se ele entregasse a autoria do Projeto do Restaurante Popular ao Ver. Aldacir Oliboni, o Prefeito o sancionaria.

Eu estou pedindo, Sr. Presidente, tal como proclamou o ilustre Presidente da Casa, Ver. Fernando Záchia, a reunião da Mesa com os Líderes para avaliar essa questão, em que pese o Vereador ter dito, depois, que não havia intenção de ofensa.

Quando aqui se fala, quando se vem para cá, não vale dizer que não está preparado, não vale alegar ignorância. Eu tenho ouvido, aqui desta tribuna, uma faceta do discurso político que me lembra as preparações para os golpes, para a desvinculação da política, quando ela tem de ser qualificada.

Somos cobrados, por exemplo, de que não trabalhamos, somos cobrados de que, aqui no Legislativo, nada se faz. Eu pergunto: é isso política? A resposta é óbvia: só um tem a política correta. É o próprio denunciante, que faz isso de forma aparentemente ingênua, que faz isso de forma sutil, com um discurso infiltrado, que é para desqualificar a ação parlamentar. Eu não consigo conviver com esse tipo de coisa!

Eu falo, como Líder da minha Bancada, com cada Vereador nos seus gabinetes. Faço questão de visitá-los, todos: o Ver. Luiz Braz, o Ver. Nereu D’Avila, o Ver. Isaac Ainhorn. Falo pessoalmente, troco opiniões, proponho negociações. Não posso estar sujeito, e nenhum de nós pode estar sujeito a vir alguém na tribuna e dizer: “Foi lá e me propôs uma negociação asquerosa.” Não preciso disso, o meu Partido não precisa disso. É lamentável o que ocorreu.

Estou aqui requerendo, Sr. Presidente, a reunião da Mesa, vou retirar as decorrências todas desse ato aqui. Sempre tratei todos com respeito e vão continuar todos a ter o meu respeito, inclusive o Ver. Haroldo de Souza. Agora, é insuportável, porque se eu não conseguir falar com um dos senhores para tratar das questões desta Casa, quem garante que não virão aqui na tribuna dizer “aquele Vereador me propôs dinheiro para acontecer tal coisa”? Qual é a segurança política, de dignidade e de ética que temos aqui nesta Casa, se isso continuar assim? Eu não aceito essa forma fascista, infiltrada, desconstituidora do Poder Legislativo que faz desta tribuna um palanque para interesses que eu ainda não ouvi confessados, mas eu suponho quais sejam: são eleitorais, e é 2002.

Eu quero, sim, trabalhar, mas quero trabalhar com a divergência das idéias, com as posições defendidas de forma clara aqui, porque nenhum de nós pode ser submetido a esse tipo de coisa.

Estou pedindo, Sr. Presidente, a reunião da Mesa, com urgência, e as Lideranças, para tratar desse assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, eu não vou alimentar a discussão a respeito desse assunto, mesmo porque, se assim o fizer, estarei incorrendo naquele erro que eu venho denunciando, de discutir assuntos que não colaboram em nada para a sociedade. Lamento que o integrante do Governo, que diz que tem palavra de gaúcho, que é de sustentar o que diz, cumprir que promete, comprove, mais uma vez, que é discurso de campanha eleitoral. Estou aqui, simplesmente, para confirmar aquilo que eu disse, aquilo que afirmei. Fica palavra contra palavra, eu tenho a minha, me acostumei a sustentar sempre o que digo. Se assim não age o Ver. Estilac Xavier, o problema não é meu; é dele. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Haroldo de Souza, seu pronunciamento não é uma Questão de Ordem.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, essa atitude é demonstrativo do que tenho falado e ela foi anti-regimental. Peço a V. Ex.ª que não conceda mais a palavra, nesses termos. Esta é a minha Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Estilac Xavier, esta Presidência já registrou que não é Questão de Ordem a manifestação do Ver. Haroldo de Souza.

Comunicamos a visita orientada do Instituto Estadual de Educação Dr. Carlos Chagas, de Canoas, com a presença de cinqüenta alunas do 1º e 2º anos de Magistério, acompanhadas pelas professoras Vera Maria Lopes Barbosa e Neci Comiccioli. Essa atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desenvolve junto a escolas da Capital e da Grande Porto Alegre. Portanto, esta Mesa registra a presença e deseja que vocês todas sejam bem-vindas, pois aqui, a Câmara Municipal, é a Casa do Povo. Um abraço, sejam bem-vindas aqui na Casa.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou usar hoje o tempo de Líder para tratar de dois assuntos que foram focalizados aqui pelo Líder da Bancada do PT nesta Casa.

O primeiro deles é com relação a Getúlio Vargas, que hoje já vi aqui ser saudado de forma esfuziante pelo Líder da Bancada comunista, num bonito discurso que fez aqui desta tribuna. Mas eu ouvi, durante boa parte da minha vida, as críticas a Getúlio Vargas que vinham dos setores de esquerda, crucificando-o porque ele impôs as reformas sociais de cima para baixo, sem deixar que houvesse derramamento de sangue. E as esquerdas radicais sempre quiseram que houvesse o conflito, que houvesse o derramamento de sangue e que os filhos da nossa Pátria morressem para essas reformas que o Getúlio fez no papel, sem precisar ter toda essa matança, calmamente como ocorreram.

Então, essa foi a grande crítica que as esquerdas sempre fizeram para a trajetória de Getúlio Vargas. Então, nós queremos saudar esse grande estadista que eu vi a voz da Liderança do PT dizendo que foi o único estadista do século aqui do nosso País. E eu quero concordar com ele.

A segunda questão tratada pela Liderança do PT, realmente é bastante grave e não pode prosseguir da forma como foi iniciada.

Duas pessoas podem, muitas vezes, por causa de algum tipo de palavras, criar um determinado clima no Plenário, entre todos nós, determinando que o trabalho aqui feito não seja realmente o melhor para a nossa sociedade.

De um lado, o meu querido amigo, Ver. Haroldo de Souza, que fez um determinado pronunciamento por causa do seu Projeto. Imagino que ele, começando agora a sua trajetória, quer mostrar o seu trabalho, as suas idéias, o seu serviço. Ele está de parabéns, porque a idéia do restaurante popular, independentemente de o Projeto ser aprovado ou não, já é vitoriosa, pois um já começou a funcionar e já há outro em gestação, através da SMIC.

Tenho de reconhecer que o Líder da bancada petista, Ver. Estilac Xavier, tem sido bastante cavalheiro, um gentleman no trato com todas as outras Bancadas, e reconheço isso pela Bancada do PFL. Nós temos dialogado, temos trocado idéias, ele tem trabalhado nas idéias que temos colocado aqui, através de projetos ou através de discursos neste Plenário, e tem demostrado que é um bom Líder da situação, procurando fazer com que não haja aqui as grandes refregas, e que possamos ter atitudes benfazejas para a sociedade porto-alegrense.

Esse conflito que começa a existir é um conflito apenas de palavras; alguém diz que falou alguma coisa e outro diz que não ouviu assim, que não foi bem assim. Eu acho que não vai fazer bem para nenhum para nós continuarmos nessa linha de raciocínio. Os dois Vereadores têm muito a contribuir para a nossa sociedade. Tanto o Ver. Estilac Xavier, que é um homem inteligente e já demonstrou isso daqui, como o Ver. Haroldo de Souza, que também é um homem inteligente, um homem de comunicação, mas que muitas vezes, no afã de fazer com que as suas idéias possam vingar, usa determinadas palavras que normalmente os Parlamentares não usam entre si. As pessoas costumam “dourar a pílula” e o Ver. Haroldo de Souza vai muito direto, e às vezes, causa esse tipo de conflito.

Eu acredito que os dois Vereadores poderiam estender as mãos; são duas pessoas honestas, são pessoas que querem o bem de Porto Alegre. Penso que esse conflito, que está sendo encaminhado para a Mesa, deve ser resolvido lá na Mesa; acho que ele não deveria mais ser tratado aqui pelos dois Vereadores, que têm muito a contribuir com Porto Alegre, com as suas idéias, com os seus discursos e com seus Projetos de Lei. Quero fazer o meu reconhecimento, tanto ao Vereador do PTB, meu colega de comunicação, Ver. Haroldo de Souza, como ao meu querido amigo Ver. Estilac Xavier, Líder da Bancada do PT, que tem demonstrado aqui, no trato com todas as Bancadas, que ele realmente é um homem de diálogo, um homem, também, de comunicação, e alguém que está buscando o melhor para Porto Alegre.

Quero cumprimentar os dois e acreditar que esse ruído nas comunicações entre esses dois Parlamentares tem que ser resolvido nessa reunião da Mesa, mas tem que ser colocada uma pá de cal, a fim de que esse assunto não vá estragar tantas outras discussões que temos que fazer aqui neste Plenário. Cumprimento os dois Vereadores pelo trabalho digno que conseguem fazer aqui nesta Casa de Parlamentares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Parabéns, Ver. Luiz Braz, esta Mesa parabeniza V. Ex.ª pela linha do seu pronunciamento.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3265/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 069/01, de autoria da Mesa Diretora, que extingue a condição de "sala de espetáculos" do Salão Glênio Peres, revogando a Resolução nº 1.332, de 19 de dezembro de 1996, e dando outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2857/99 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 014/99, de autoria dos Vereadores Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol, que dispõe sobre implantação e funcionamento de presídios e demais prédios e instalações vinculados ao sistema penitenciário e prisional do Estado.

 

PROC. 3069/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 209/01, de autoria do Ver. Beto Moesch, que institui limite para as áreas com edificações e pavimentações nas praças e parques do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3123/01 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 017/01, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que acrescenta itens ao Anexo I da Lei Complementar nº 267, de 16 de janeiro de 1992, e alterações posteriores. (Conselhos Municipais)

 

PROC. 3160/01 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/01, que autoriza a alienação, por inexigibilidade de licitação, de três imóveis próprios municipais remanescentes de desapropriação para implantação da Av. Assis Brasil, à Empresa Santa Paula Construções Ltda.

 

PROC. 3162/01 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 002/01, que estabelece alterações no Código de Limpeza Urbana - Lei Complementar nº 234/90, de 16 de dezembro de 1990, e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2698/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 182/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Arno Vontobel um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Jardim Botânico.

 

PROC. 3028/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 205/01, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que veda às empresas possuidoras de Alvará para funcionar como lotéricas a prestação de serviços típicos de instituição bancária.

 

PROC. 3070/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 064/01, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o prêmio artístico "Lupicínio Rodrigues" ao Músico João Batista Machado.

 

PROC. 3141/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 218/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Viuvinha um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

PROC. 3142/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 219/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Gralha Azul um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

PROC. 3159/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 221/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Flautim um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de elogiar a Mesa Diretora, em especial ao Presidente Fernando Záchia, pelos trabalhos de conclusão da reforma do Salão Glênio Peres, que passará de agora em diante a chamar-se Salão Glênio Peres e não Sala de Espetáculos Glênio Peres. Esta Casa, cada vez mais, se capacita para apresentar à comunidade condições de equipamentos e salas para a sua utilização. Parabéns à Mesa Diretora.

Gostaria também de me referir ao Projeto do meu colega de Bancada, Ver. Beto Moesch, que institui limites para as áreas com edificações e pavimentações nas praças e parques do Município de Porto Alegre. É uma preocupação muito importante sobre a ocupação dessas áreas. O Município, hoje, apanha uma praça e constrói o que ele quer, o que lhe der na cabeça, e não respeita o que a comunidade quer, o desejo da comunidade. Portanto, o Ver. Beto Moesch coloca condições para ocupação e preservação dessas praças. Acho muito importante, porque temos de preservar o meio ambiente e a qualidade de vida em Porto Alegre.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, eu agradeço a referência ao Projeto. O nosso objetivo é garantir que as praças e parques da Cidade, que são verdadeiros oásis numa cidade de concreto, não se dêem de forma artificial. Defendemos que 60% das praças e parques sejam vegetadas ou com solo nu; e apenas 40% concretadas. Muitas praças estão-se transformando em verdadeiros concretos, e, mesmo assim, são chamadas de áreas verdes, o que é um erro técnico. Esse é o nosso objetivo.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Parabéns, Vereador. Tenho certeza de que será um Projeto de grande alcance e benefícios para a comunidade.

Mas hoje pela manhã, recebi a visita do líder comunitário do Jardim do Salso, o Sr. Tavares, que se encontra aqui. Ele me falava da madrugada violenta no seu bairro, na região da Bom Jesus, com quatro mortos da noite passada. O jornal Correio do Povo, na sua página 18, especifica a madrugada violenta, com tiroteios, assassinatos, pessoas encontradas mortas. Quatro vidas foram ceifadas.

Refiro-me ao Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, que não permite a prestação de serviços típicos de instituição bancária às lotéricas, baseado, fundamentalmente, nas questões de segurança, e também na questão de terceirização do serviço bancário.

Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª terá oportunidade de usar o seu tempo de Pauta. Não podemos acabar com um serviço que vai beneficiar a comunidade em função da segurança. Pagar e receber contas de serviços públicos, taxas de água, luz, impostos, não é um serviço típico bancário: é o resultado de um convênio feito pelo banco com essas instituições para prestar esses serviços. Esse convênio também está sendo utilizado pelas lotéricas, e isso ajuda muito a comunidade.

Recebemos a notícia de que as agências dos Correios receberão contas de água, luz, e outros serviços à comunidade. Acho muito importante a expansão desses serviços. Não podemos, por uma questão de segurança, acabar com esses serviços. Seria o mesmo caso, onde haja dificuldade de existir um remédio para um doente, por essa dificuldade matarmos o doente, eliminando assim o problema. Isso é um absurdo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Sr. Vereadores, eu também quero cumprimentar o Ver. Beto Moesch pelo seu Projeto de Lei, o qual visa a que as praças tenham mais áreas verdes. Seria essa a síntese do que ele deseja. Claro que está explicitado, mas eu tenho uma preocupação com uma frase, onde consta o seguinte: “De modo que o somatório das áreas ocupadas por edificações...” Eu tenho medo, Ver. Beto Moesch, que a Administração da Prefeitura entenda essa área ocupada por edificações como possibilidade de fazer uma série de outras coisas. Isso nós precisamos esclarecer.

No ano passado, eu pretendi, com um Projeto de Lei, para o qual não obtive apoio da Bancada do PT - nem do Ver. Giovani Gregol, que tinha sido Secretário do Meio Ambiente - preservar as praças - à semelhança do que acontece na Lei que determina que no Parque Farroupilha não se possa mais construir nada. Mas eles, mesmo assim, constroem, pois recentemente construíram alguma coisa lá. Eu tenho medo, e nós precisamos esclarecer bem isso, se não eles vão construir mais, e, em vez de minorar o problema, nós vamos aumentá-lo.

Eu quero cumprimentá-lo, Ver. Beto Moesch, porque essa preocupação é muito importante e oportuna, porque, de repente, algumas praças têm pouco verde e poucas áreas que possam fazer com que a água seja absorvida.

Eu não posso deixar de me preocupar com o Partido dos Trabalhadores, só não sei de quais trabalhadores que o Partido é, mas deve ser dos outros, porque, quando se trata dos trabalhadores da Prefeitura, as coisas ocorrem de maneira diferente. Por exemplo, ontem o Diário Oficial trouxe a contratação, por carta-contrato, de vinte e um auxiliares de enfermagem. Há concursados, mas no mesmo Diário Oficial, o Presidente da FASC, que é Vereador aqui, está fazendo a nomeação de um concursado. Então, eu não entendo o Partido dos Trabalhadores. Alguém pode dizer que não estou falando na Pauta, estou, sim. Eu não entendo por que, na alteração que fazem aqui no Código de Limpeza Urbana, retiram o art. 9º, que dá ao gari as condições de segurança no trabalho. Que Partido dos Trabalhadores é esse o qual não quer que o gari receba luvas, que receba botas, que receba as condições necessárias para trabalhar em segurança? Isso está no Código de Limpeza Urbana que teve na sua autoria - a maior parte – o ex-Ver. Vieira da Cunha, que havia sido Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana e se preocupava com os garis, mas ele não era do Partido dos Trabalhadores, era do Partido Democrático Trabalhista. Agora, o Partido dos Trabalhadores quer tirar do gari a condição de segurança de trabalho. Mas que Partido dos Trabalhadores é este?

Por fim, quero que a Bancada do Partido dos Trabalhadores também me diga como consegue, em uma mesma área, ter dois preços para os terrenos: 140 reais e 160 reais. No mesmo lugar, poucos metros um do outro. Não consigo entender; no mesmo quarteirão, na mesma área. São sobras de terrenos. Por que uma custa 140 reais e a outra 160 reais? Eu já vi fatos absurdos, colocarem a 275 reais o metro quadrado, nem estou discutindo os 160 reais; eu quero saber por que um é 140 e o outro 160. Se me esclarecerem isso, vou ficar satisfeito. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores. Queria tratar nesta discussão de Pauta de três projetos que aí estão para o nosso debate.

O primeiro é o Projeto de Resolução nº 069/01, de autoria da Mesa Diretora, que extingue a condição de “Sala de Espetáculos Glênio Peres”, revogando a Resolução nº 1332.

Gostaria, rapidamente, de historiar que a Resolução, que está sendo extinta, nasceu de um Projeto do ex-Vereador Wilton Araújo e de um Substitutivo, de minha autoria, em 1996.

Na verdade, a proposta original do Ver. Wilton Araújo era denominar “Teatro Glênio Peres” e criar um espaço na Câmara para apresentação de grupos teatrais e artísticos. O nosso Substitutivo ampliou o conceito de teatro e pôs à disposição da Cidade um local com mais alternativas quanto a atividades culturais, levando em conta as dificuldades dos grupos amadores de terem um espaço adequado. Posteriormente, ocorreram as obras, ainda em andamento, que qualificaram esse espaço múltiplo.

Entendemos a preocupação da Mesa, no sentido de dispor de mais espaços para os Srs. Vereadores, Comissões, reuniões, etc. Só estranhamos que muitas vezes esses espaços estão disponíveis, mas pela norma existente, de que cada Vereador só pode usá-los quatro vezes por semestre, esses espaços ficam ociosos, e os Vereadores não podem reunir as suas assessorias, não podem reunir os seus conselhos políticos, não podem abrir um espaço para a comunidade.

Então, até podemos concordar com essa resolução; vamos estudá-la, pois simplesmente elimina o espaço. Chamo a atenção de que, além de transformarmos em uma sala de espetáculo mais ampla, nós procuramos fazer um regimento que democratizasse o espaço; que não fosse pela amizade com esse ou com aquele, que o espaço fosse cedido, ou por decisão de tal ou qual pessoa. Para isso, criamos um conselho com a comunidade para decidir. Aceitamos que é necessário mais espaço para a atividade política, mas também queremos cobrar - e chamamos atenção disso – que os espaços já disponíveis sejam viabilizados para os Vereadores, tendo em conta, evidentemente, determinada seqüência no pedido, levando em conta se alguém usou mais do que o outro; mas não como está ocorrendo hoje, onde o espaço fica fechado, ocioso, e o Vereador não pode usar; tudo por uma norma que limita o seu uso em quatro vezes. Imaginemos um Vereador, em um semestre - são seis meses, Ver. Elói Guimarães -, se ele quiser reunir mensalmente o seu conselho político, não poderá. Tive de pedir, certa ocasião, ao Ver. Elói Guimarães para que me abonasse esta possibilidade; o Ver. Ervino Besson também já colaborou, assim como o Ver. Paulo Brum, e assim por diante.

Então, queremos coerência: se era para ser um espaço de arte ou para cultura e agora ficar delimitado para os Vereadores, que os demais espaços já existentes sejam viabilizados para os Vereadores, quando não estiverem em uso. Essa é a nossa opinião.

O segundo Projeto que queremos nos referir é o Projeto de autoria do Ver. Beto Moesch, que apoiaremos, que institui limite para áreas com edificações e pavimentações nas praças e parques. Realmente, se são praças e parques é preciso que sejam majoritariamente áreas verdes e não construções de concreto. Estamos de acordo.

Queremos também fazer referência a um outro Projeto, de autoria do Ver. Beto Moesch, que tem preocupações com o tema da ecologia, do meio ambiente, como nós, onde é proposto que aquela média de 12m2 de área verde na Cidade seja considerada para cada região. Nós temos uma preocupação, que já manifestamos anteriormente: é certo que uma média pode esconder que uma área tem 0% e a outra tem 24%, mas, também, estendermos para todas as regiões esse valor de 12m2 pode levar à sua inviabilização, pois temos áreas já extremamente urbanizadas, como a Zona Norte, onde, quem sabe, isso não seja possível.

Então, é preciso que trabalhemos melhor esse Projeto; vamos ver se apresentamos uma Emenda, mantendo a preocupação do Ver. Beto Moesch, mas, ao mesmo tempo, levando em conta a Cidade real sobre a qual temos que legislar. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Beto Moesch quer instituir limites para as áreas com edificações, pavimentações nas praças e parques do Município de Porto Alegre. São iniciativas extremamente importantes que buscam o resgate perdido, talvez, do equilíbrio nessa relação de investimentos sobre áreas verdes, áreas nativas,

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há algum tempo, e de administrações de longa data, não tivemos muito claro o capeamento das ruas, dos locais e dos espaços, com uma política capaz de fazer a assimilação das águas. Se examinarmos uma área asfaltada, veremos que ela permanece com água ali depositada, criando não só problemas de alagamento, mas também uma verdadeira putrefação pelo material ali depositado, reunindo-se a água, o lixo, etc. Na minha opinião, pela falta de uma visão ecológica na construção e na realização de pavimentação e espaços que nós estamos poluindo.

O Projeto de autoria do Ver. Beto Moesch é extremamente importante. As pessoas falam: “Olha, estamos pedindo que asfaltem para que possamos fazer cooper, caminhar, etc.” Do ponto de vista de quem caminha, Ver. Beto Moesch, um chão com aqueles pedregulhos, com aquela areia mais grossa é muito melhor do que caminhar sob o asfalto, inclusive do ponto de vista do sistema ósseo da pessoa que pratica a caminhada e cooper, porque é muito mais macio. Assim, a natureza tem exatamente o que precisa, ela não pode ser sufocada. Uma falta de política nesse sentido sufoca a natureza, porque são jogados asfaltos e pavimentações nas ruas e nos passeios. Também se invadem as praças com uma série de pavimentos para cooper e outras atividades.

V. Ex.ª, Ver. Beto Moesh, tem uma visão muito nítida sobre a necessidade de se manter o metabolismo, esse equilíbrio, essa relação asfalto e revestimento natural, como a grama e a areia. Esse equilíbrio é fundamental, e vem contribuir para “n” questões: para que não haja alagamentos, para que aquele espaço que retém as águas não fique putrefato em razão de as águas não terem para onde ir, misturando-se com papel, etc. e tal.

Então, é uma visão muito boa, é uma visão técnica da problemática, que temos que pensar, e historicamente não pensamos nisso. Sempre tivemos a idéia de asfaltar, porque o local faz barro, não sei mais o quê, e perdemos a visão de que a natureza precisa respirar, ela precisa ter a sua capacidade de assimilação e de metabolismo respeitada, porque, em última análise, é a própria vida que depende desses espaços, não só do ponto de vista da facilidade de se deslocar, como também do ponto de vista da qualidade de vida daqueles que habitam esses sítios e esses espaços. Meus cumprimentos a V. Ex.ª. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Registro a presença, nesta Casa, do Sr. Secretário Estadual da Administração, Marco Maia, e também do seu substituto, Sr. Elton Scarpini. Sejam bem-vindos entre nós.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, quero voltar a falar sobre a questão das lotéricas e saudar iniciativa do Presidente da CUTHAB, Ver. Raul Carrion, que, no microfone de apartes, em nome da Comissão, já comunicou que fará uma audiência pública para discutir esse tema.

Informamos aos Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras que juntei aos autos do Processo uma ação civil pública, protocolada na Justiça Federal pelo Procurador da República Osmar Veronezi - e disponho de cópias para os Vereadores que se interessarem -, que, de forma lapidar, desnuda a questão das lotéricas e as suas implicações com a violência. Quero, inclusive, Ver. Humberto Goulart, sublinhar o que diz o Procurador já citado, na sua longa Petição Inicial nos seguintes termos: “Por outro lado, é de conhecimento geral que as lotéricas sempre foram identificadas como locais de apostas e jogos, sendo que, com a possibilidade de prestação de serviços bancários nesses estabelecimentos, passa a ser um incentivo e uma facilitação à difusão da prática de jogos, que muitas vezes tornam-se vício.” Diz mais o ilustre Procurador da República: “E o mais grave é o fato, também de conhecimento público, de que muitas lotéricas são lugares tradicionais de atividades ilícitas, tais como o jogo de bicho, videopôquer, videojóquei, caça-níqueis, etc.” Não são palavras minhas, mas do Procurador-Geral da República.

Mas o que me espanta é que o Banco Central, em absoluta contrariedade, Ver. João Antonio Dib, ao disposto no art. 48, Inciso XII, da Constituição Federal, legisla sobre essa questão, que é uma competência privativa do Congresso Nacional, por meio da Câmara de Deputados e do Senado Federal. Não contente com isso, o Banco Central, Ver. Luiz Braz, viola a própria lei federal que dispõe sobre a sua regulação, que institui, em um dos seus artigos, que o Banco Central só poderá operar com instituições financeiras e bancárias.

O Banco Central, com uma Portaria absolutamente inconstitucional e ilegal, que viola o seu próprio regulamento, dispôs sobre a possibilidade da terceirização do serviço bancário mediante contratação de empresas ditas conveniadas. Isso viola a Constituição, viola a sua própria Lei e, o que é pior, a Caixa Econômica Federal exime-se, de forma total, da responsabilidade, separando os consumidores em duas categorias: aqueles clientes bancários que procuram uma agência bancária, no caso de sofrerem algum dano, têm de recorrer à instituição financeira; já no caso de um cliente que vá utilizar o serviço bancário desses verdadeiros microbancos, tem de ser ressarcido e requerer os seus direitos, não junto à instituição financeira, no caso a Caixa Econômica Federal, mas junto a essa lotérica.

Eu levanto essa questão porque é notório que os agentes econômicos, que se dedicam à questão de explorar o setor bancário, são os que mais têm auferido lucros ao longo dos últimos anos - os balanços que são publicados semestralmente estão demonstrando isso.

A Caixa Federal orgulha-se de dizer que está instalando portas de segurança em todas as suas agências – eu tenho cópia do documento que diz isso –, e ao mesmo tempo, terceiriza o serviço bancário, colocando a total responsabilidade pela questão da segurança nas mãos dos agentes lotéricos. De outra parte, não cria emprego nenhum; na verdade, reduz o custo do trabalho, porque os empregos que são colocados nas agências lotéricas, de forma aviltada - 50% do piso salarial dos bancários na maioria das vezes - são retirados das agências bancárias.

O que têm os banqueiros que fazer é cumprir, por exemplo, a Lei do nobre Ver. Nereu D’Avila, que amplia o horário de atendimento bancário; o que têm os banqueiros que fazer é colocar caixa nos bancos. E esses crimes que estão ocorrendo, colocando a vida da população em risco, é da total responsabilidade do Banco Central, é da total responsabilidade da Caixa Econômica Federal.

Esta Casa, possivelmente, nessa audiência pública, poderá aprofundar esse tema, que é de vital importância para todos os cidadãos da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1031/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Flávio Paul um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Jardim do Salso.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela manutenção do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 26.8 – Domingo.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em discussão o PLL nº 037/01, com Veto Total.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que, em primeiro lugar, votemos os Requerimentos na ordem em que estão, e, após, o PLL nº 031/00, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, porque o debate ficou pendente.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Ex.ª havia apregoado o Veto Total ao PLL nº 037/01 em discussão, e como já havíamos iniciado o período, precisamos, se assim o Plenário quiser, adiar a discussão. Isso é possível. Mas simplesmente V. Ex.ª anunciar um Projeto em discussão e depois, imediatamente, abrir mão daquilo que V. Ex.ª anunciou e já começar uma nova ordem, eu acredito que seja um equívoco da Presidência.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Luiz Braz, este Vereador iria consultar a Diretoria Legislativa antes de colocar em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, e é o que esta Presidência fará neste momento.

Esta Presidência, antes de colocar em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, coloca à apreciação do Plenário que, como esta Presidência já havia colocado na Ordem do Dia a discussão do Veto aposto ao PLL n° 037/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, algum Vereador terá que pedir adiamento por uma Sessão para a discussão deste Projeto.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, face à ausência momentânea do Ver. Pedro Américo Leal, eu requeiro o adiamento da discussão do PLL nº 031/00, por uma Sessão.

Requeiro, também, o adiamento, por uma Sessão, da apreciação do PLL nº 037/01.     

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação o Requerimento do Ver. João Carlos Nedel, que requer o adiamento, por uma Sessão, da apreciação do PLL nº 037/01, com Veto Total. (Pausa.) Os Senhores Vereadores que concordam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, que requer que na Ordem do Dia sejam primeiro votados os requerimentos na ordem como está exposto no espelho e, em segundo, o PLL nº 031/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com o voto contrário dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Paulo Brum, Luiz Braz e Haroldo de Souza.

Em votação o Requerimento nº 121/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fiquei estarrecido com as declarações do Sr. Luiz Eduardo Soares, assessor do Prefeito Tarso Genro, contratado por 80 mil reais, para orientar na solução dos problemas de segurança do Município, que está cada vez pior. Pois esse assessor, pasmem, declarou que defende a legalização do consumo e da venda de maconha e cocaína para resolver o problema do tráfico em Porto Alegre. O Governador Olívio Dutra, ainda candidato, também já fez declarações semelhantes sobre a descriminalização da maconha; foi específico, o outro foi generalizado para a maconha e cocaína.

O que acontece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na prática, quando as autoridades declaram que são a favor da liberação da maconha e cocaína? Vou dar um exemplo, Ver. Humberto Goulart: a polícia e a Brigada Militar não reprimem o consumo, e, por decorrência, também não perseguem os pequenos traficantes. Outro exemplo: nas escolas e nas repartições públicas também não é impedido o consumo. Claro, se a autoridade maior é a favor, como um funcionário de menor escalão poderá reprimir o consumo da maconha e da cocaína? E aí vira um caos.

As estatísticas comprovam que a maioria dos crimes são realizados por pessoas sob estímulo da droga. Essa idéia de liberação do consumo é tão absurda que não deu certo em nenhum outro país. Na Inglaterra foi um caos; a Holanda quer voltar, urgentemente, atrás, pois não consegue mais evitar o crescimento do consumo da maconha e cocaína e dos seus dependentes. Agora querem implantar no Brasil. É pôr fogo no rastilho que fará explodir o consumo de maconha e de cocaína no País.

O Prefeito Tarso Genro não se manifestou sobre essa desastrada declaração. E se não demitiu o seu assessor é porque concorda com as suas declarações.

Eu pouco entendo deste assunto, até concordo, mas vamos ouvir o que dizem os especialistas sobre isso: Luiz Mathias Flach, Joaquim Paçu, Angelo Campana, Sérgio Ivan Borges, todos, unânimes. Tenho aqui declarações deles que deploram essa declaração e que são frontalmente contrários à liberação da droga. Foi uma opinião desastrada e isso não pode prosperar. E diante da opinião desses especialistas, fica a pergunta: qual a intenção desse assessor? A quem está protegendo, ou beneficiando? E aí fica a questão: a quem está prejudicando? Todos sabemos. Está prejudicando a sociedade, em especial os jovens e suas famílias. Trata-se de uma agressão à nossa inteligência e um desrespeito aos nossos valores mais caros, por representar estímulo ao vício, que prejudica a saúde e o futuro dos nossos jovens e a desestruturação do maior patrimônio que esta Pátria tem, que é a família. Por isso, solicito que meus colegas Vereadores não apóiem essas declarações, e que apóiem a minha Moção de Repúdio à tão irresponsável declaração. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 121/01.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr Presidente e Srs. Vereadores, causa espanto quando a autoridade diz que tem de legalizar, descriminalizar a maconha e a cocaína. Para que lado vai a sociedade mundial, e, especificamente, da nossa zona? Porque todos os crimes começam a ser amainados, começam a ser descriminalizados, começam a ser perdoados de maneira extemporânea, fomentando que se façam novos crimes.

V. Ex.as lembram bem como estarreceu o fenômeno daquela artista da Rede Globo, aquela bela menina covardemente assassinada por aquele casal de desajustados, que não estavam matando para comer, matando pelo simples desejo de sangue, provavelmente até envolvidos com maconha e cocaína. Se vocês forem procurar por esse casal, o casal está solto, anda por aí. A menina que deu os tesouraços está solta. Aquele artista bandido que segurou a menina está solto. Foi ontem que aconteceu isso, e eles estão soltos por aí.

Estupro, uma autoridade diz que não é mais crime hediondo. Quando a pessoa é invadida nos seus grandes recatos, nas suas grandes fantasias, que é uma mulher ter os seus sonhos e ideais sexuais violentados através de uma pessoa que lhe quer causar mal, porque a pessoa que faz o estupro não quer chegar em uma pessoa pelo simples sabor da conquista, pelo desejo, pelo que há de interessante na conquista; ela quer chegar sexualmente em uma pessoa pela violência; é um psicopata que precisa exercer a violência. E é descriminado. Agora a droga é descriminada. E eu pensei: “estou atrasado, eu, médico, estou atrasado, sempre ouço dizer que temos que coibir a droga, a boa, a droga médica ou a droga ilegal”. Fui correndo perguntar aos professores: “É para a gente colocar nas farmácias, até nos supermercados a droga?” “Não, Goulart, há um equívoco nessa afirmação.” E eu venho do serviço de AIDS da professora e grande médica Nêmora Barcelos, sabendo que a droga está muito envolvida, a droga partiu de um tipo de comportamento sexual para a mulher através da droga, porque o usuário não é homossexual sempre, muitas vezes não é; então, o heterossexual fez essa ligação, através da droga, para que se expandisse na mulher a AIDS. Aí, eu perguntava para o assessor da Dr.ª Nêmora: “Como você se posiciona sobre isso? “ Ele disse: “Não, Goulart, há controvérsias, não se sabe ainda se descriminar a droga, se vender a droga é uma boa coisa.” Quando ele disse isso, ele que é um bom estudioso, eu disse: “Estou de acordo.” Não entendo qualquer fomento, e quando uma autoridade diz, quando o Governador diz, quando o Secretário diz, quando um grande professor diz, quando um grande técnico diz, quando um pastor de pessoas, de qualquer religião, diz que a droga deve ser dada para uma pessoa é uma incoerência, os nossos jovens estão sendo devastados pela droga.

Foi publicada uma reportagem, há poucos dias, dizendo que a nossa Cidade é a que usa maior quantidade de maconha e cocaína. É um equívoco qualquer coisa que vá fazer com que os criminosos deixem a correção o mais cedo possível, é equívoco qualquer descriminação de coisas anti-sociais; é um equívoco qualquer coisa que possa tornar a droga uma coisa banal, uma coisa comum. É um equívoco muito grande.

Eu, como uma pessoa que cuida de gente, vejo a desgraça que traz a droga, porque a droga não é uma onda de bacana, é uma onda de babaca, onda de otário. Quem usa droga é malandro porco, como diz o Ver. João Bosco Vaz; é onda de babaca. E a gente vai facilitar isso? Sempre que houver droga deve haver, por enquanto, restrições. Como médico, não posso aceitar que uma autoridade fale nisso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 121/01.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um dos maiores males que assola a humanidade é a desinformação, mas, pior do que a desinformação, é quando as pessoas que têm conhecimento, que podiam ajudar para o esclarecimento, tentam confundir, e, pior do que tudo isso, é a hipocrisia dos homens. Este é o maior mal que hoje nós temos. Nós ficamos jogando para a platéia, quando nós temos de ter a honestidade intelectual de tentar mostrar para a população o que é possível e o que não é possível fazer e o esforço que nós temos de fazer, colocando, inclusive, até uma utopia, para modificar. Quem não tem um projeto utópico não pode pensar o futuro. Quem não pensa em transformações profundas nas raízes, não pode ter propostas renovadoras, iluminadas e ilustradas. Por isso é que a Revolução Francesa foi o que foi em termos de revolução para a humanidade, porque aconteceu na base do século das luzes, e trouxe mudanças para a sociedade.

Nós temos pessoas que colaboraram no combate à maconha e cocaína, pessoas importantes, inclusive citadas pelo Ver. João Carlos Nedel. É uma escola que nós respeitamos, como nós respeitamos, militamos e colaboramos com a Pastoral, que cuida da drogadização, a PACTO, por exemplo. Mas é possível conviver com essa filosofia, com esse trabalho de um setor da sociedade que é honesto, batalhador e que salva tantas e tantas pessoas do fundo do poço da drogadização. O Ministério da Saúde está lançando uma programação de redução de danos. O Ministério da Saúde, a Secretaria da Saúde do Estado e do Município, que estão nas mãos de partidos diferentes, são instâncias governamentais diferentes... É porque há profissionais, há estudiosos, pessoas que sabem que é preferível um projeto de redução de danos a deixar as pessoas se drogarem, indo ao fundo do poço, não tendo mais volta. É uma pena que muitas pessoas não tenham olhado para a geração beat, nos Estados Unidos, mas preferem fazer citações aqui, por exemplo, de um mar de sangue. Eu poderia citar Charles Mason, os seus crimes. E aí nós poderíamos falar da desgraça! Mas eu quero falar da vida. Nós temos de dar condições para as pessoas saírem do fundo do poço; inclusive com um projeto de redução de danos, que, Ver. João Carlos Nedel, não é incompatível com outros pensadores que fazem um outro tipo de trabalho. Não se chocam!

Agora, existe uma indústria bilionária. Existe uma máfia que ganha, exatamente, com a maconha e cocaína proibidas. É mais prejudicial para a saúde, muitas vezes, a cachaça que se bebe na esquina e que é distribuída, inclusive, para crianças, do que algumas drogas que são chamadas de ilícitas. Eu, sem dúvida nenhuma, tenho tolerância zero com as ilegalidades, mas eu tenho tolerância zero, também, com a hipocrisia. Nós somos os culpados! E os lugares onde estas drogas - que no Brasil são chamadas de ilícitas - não são ilícitas, não têm os problemas que nós temos no Brasil, nem no ponto de vista da saúde pública e muito menos no ponto de vista da corrupção, da violência, do tráfico, do contrabando, e de tudo o que está por trás, inclusive da prostituição.

Então, não podemos aceitar uma Moção de Repúdio a um homem que estuda segurança pública neste País, que foi para os Estados Unidos, que dialoga com as maiores universidades do mundo! Nós temos que largar a nossa pequenez e deixar de lado a nossa hipocrisia! Temos de jogar limpo, deixar claro que é possível conviver com um tipo de ação, como o Ver. João Carlos Nedel citou, de algumas pessoas por quem tenho um profundo respeito pelo seu trabalho, mas não posso aceitar uma Moção de Repúdio para alguém que tem a coragem de colocar na mesa que nós não podemos fechar os olhos, como alguns querem, para uma triste realidade que é a questão da drogadização.

Quem ganha com isso, de fato, não é o consumidor, é aquele que trafica, é aquele que está por trás, são às vezes cidadãos acima de qualquer suspeita. Nós temos que discutir esses cidadãos acima de qualquer suspeita e ajudar as pessoas que, hoje, precisam de ajuda. E a redução de danos é importante, a liberação da maconha e cocaína, para não ser esse ilícito que é hoje, porque vai para a cadeia quem é consumidor e não aquele que deveria estar na cadeia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 121/01.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores, imaginem que esse discurso entusiasmado do Ver. Adeli Sell, na tribuna, foi para defender a idéia de que a maconha e a cocaína devem estar livres, sendo vendidas em qualquer lugar da nossa Cidade, de acordo com que o assessor do Prefeito Tarso Genro anunciou. A maconha e a cocaína deveriam estar sendo vendidas nas farmácias porque, assim, nós iríamos anular o traficante, e quem quisesse usar a maconha e a cocaína iria até a farmácia, iria até o boteco da esquina, faria a sua compra e as usaria, tranqüilamente, sem dar o lucro para o traficante. As pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores pensam que vão combater a maconha e a cocaína assim.

Tentativas como estas já foram feitas em outros lugares do mundo. E, pelo que sei, essas tentativas, até agora, são tentativas absolutamente infrutíferas.

Gostaria que as lideranças petistas pudessem analisar, por exemplo, os pontos de maconha e cocaína que nós temos aqui em nossa Cidade, pontos esse que são altamente conhecidos. Ali, por exemplo, no Bom Fim, temos vários lugares, vários pontos onde a maconha e a cocaína são distribuídas com muita facilidade, e, dentro desse Projeto do professor que é assessor do Prefeito Tarso Genro, agora aquelas drogas do Bom Fim realmente não podem ser mais combatidas, e deve-se continuar fazendo aquela distribuição livremente. Aqui no Gasômetro as drogas são distribuídas e, de acordo com o projeto petista, não deve haver nenhum tipo de repressão. Aliás, acho que é por isso mesmo que as autoridades policiais, que as pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores não reprimem essas pessoas que são largamente conhecidas por toda a sociedade que passam as drogas para os jovens, para todas as pessoas que freqüentam esses lugares, fazendo com que, realmente - como aqui anunciou o Ver. Adeli Sell -, os traficantes, os passadores das drogas não sejam punidos. Mas não são punidos porque as autoridades ligadas ao Partido dos Trabalhadores não querem mais punir ninguém. E, não querem mais punir ninguém, fazendo com que vigore essa política anunciada pelo PT, há muito tempo, de que as drogas devem estar livres. Aliás, esse é o discurso que ouço há muito tempo de muitas lideranças petistas, essa sociedade completamente solta, devassa, sem nenhum tipo de limite, sem nenhum tipo de regramento. Assim querem as lideranças petistas.

Eu vou continuar sendo contrário a isso. Eu vou continuar acreditando que realmente nós devemos combater as drogas e que os traficantes devem ser punidos com muita eficiência. As leis devem trazer punições cada vez mais fortes para os traficantes e devemos socorrer, Ver. Adeli Sell, o usuário da droga. Claro que sim, cada vez mais, fornecendo assistência a esses usuários de forma a que eles possam se livrar dessa dependência e voltar novamente para a sociedade. Esse usuário de droga, qual é a chance que ele tem hoje dentro da sociedade? Qual é o serviço que hoje as autoridades estão prestando, tanto em nível municipal, como estadual? Qual a assistência que essas autoridades estão prestando para aquelas pessoas que querem se livrar, hoje, desse martírio que é a dependência das drogas? Nenhuma!

Então, tem razão o Ver. João Carlos Nedel, quando propõe aqui que nós devemos repudiar as declarações do assessor do Prefeito Tarso Genro que quer as drogas liberadas! Quer o uso livre! E que todo o mundo possa comprar em qualquer lugar. Agora, vamos fazer, quem sabe, uma feira das drogas, como acontece no Rio de Janeiro, satisfazendo a política pregada pelo PT, há muito tempo, e que eu vou continuar combatendo porque, afinal de contas, não é assim que nós vamos salvar a nossa juventude do mundo das drogas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, faço um Requerimento para que seja retirada a expressão sobre a questão da feira no pronunciamento do Ver. Luiz Braz, porque é uma afronta a minha fala. Obrigado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, a fala deste Vereador não se referiu a que o Ver. Adeli Sell tenha colocado esta palavra da feira, eu disse que só falta termos agora uma feira. É o pensamento deste Vereador de que só está faltando isso. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Vereador, sobre qualquer dúvida V. Ex.ª poderá solicitar os Anais da Casa, e depois vamos clarear essa dúvida.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, eu acho que, daqui para frente, eu vou estudar e pedir à assessoria para usar aquele artigo que tem no nosso Regimento dizendo que, quando há distorções e ataques, nós podemos usar 10 minutos para o rebate. Eu gostaria desse tempo para rebater o que o Ver. Luiz Braz colocou, que não condiz com a minha intervenção. Obrigado.

 

O SR. HUMBERTO GOULART : Sr. Presidente, eu sou completamente a favor do que o Ver. Adeli Sell disse no sentido da redução de danos, porque isso não significa liberalização, significa compaixão pelo usuário, pelo ser humano. Aí, estamos completamente de acordo. Redução de danos, sim; liberalização de drogas, nein! Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 121/01.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, realmente eu fico chocado, parece que as máscaras estão caindo. O PT é pela liberação, mas não assume isso muitas vezes. Nós devemos salientar a coragem do Ver. Adeli Sell. O Vereador me fez subir à tribuna, Ver. Luiz Braz, porque ele falou nos Estados Unidos. Ele falou que o antropólogo Luís Eduardo Soares foi aos Estados Unidos aprender. Agora servem os Estados Unidos. Ele não disse Cuba, disse Estados Unidos, a maior nação capitalista. Nós estamos chegando à conclusão de que o PT quer realmente a liberação das drogas na nossa Capital e no nosso Estado. Isso nós não vamos deixar, Ver. Humberto Goulart, porque, quem sabe, no ano que vem, nós vamos tirá-los do Palácio Piratini e depois, em 2004, vamos tirá-los da Prefeitura de Porto Alegre.

Eu fico indignado, o Ver. João Bosco Vaz sabe disso, e já criticou aqui. Somos defensores do esporte como forma de erradicar esta droga que tanto faz mal à nossa sociedade, às nossas famílias, à nossa juventude, à nossa adolescência. Entendi agora qual é a filosofia do PT. Fiz uma pergunta e gostaria que a Ver.ª Sofia Cavedon, que é professora, é a favor, me responda. Professora, a favor! Estou estarrecido!

Ver. João Carlos Nedel, parabéns pela proposição, que há muito tempo está para ser votada, e hoje será votada para que possamos dizer a esse antropólogo, que vive no Rio de Janeiro com o nosso dinheiro, que vai ser candidato a Deputado Federal pelo PT do Rio de Janeiro, que venha mais a Porto Alegre para conhecer, porque, quem sabe, ele queira estabelecer esta semelhança entre o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Nós não vamos deixar, e é onde está a maior exploração de droga na nossa adolescência é justamente nos colégios, nas escolas. Subi aqui para dizer isto: quem praticou sempre esportes não vai admitir, e esta Casa não pode admitir que sejamos corrompidos e passemos esta informação à sociedade, a nossa juventude, às nossas famílias, de que a droga é boa para a nossa sociedade. Não consegui entender. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, o Vereador que acaba de sair da tribuna deve clarear a sua opinião, porque ele faz confusão entre ser a favor e afirmar que é bom, porque há uma divergência muito grande em relação a esses dois conceitos.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Valdir Caetano está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 121/01.

 

O SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente, Srs. e Sr.as Vereadoras, temos usado esta tribuna em algumas oportunidades para combater este mal que tem afligido a nossa sociedade, que são as drogas. É um problema seriíssimo e que, infelizmente, tem crescido na nossa Cidade, no nosso Estado e em todo o nosso País. E vejo que as nossas autoridades não têm tido coragem de enfrentar de frente. Então, ficam, por exemplo, tentando achar fórmulas, ou seja, já que não podemos com o inimigo, vamo-nos unir a eles. De forma nenhuma! Quando se trata de qualquer assunto em que se fala, de uma forma ou de outra, de qualquer maneira, mesmo que seja maquiada, da liberação de uma droga, podem ter certeza de que o Partido Liberal e este Vereador vão dar contra a qualquer Projeto, a qualquer lei, enfim, o que seja sobre a liberação das drogas.

Tenho tratado, Srs. Vereadores, com pessoas que chegaram no fundo do poço no uso das drogas, pessoas que tiveram as vidas destruídas por causa do uso das drogas. E quando se fala em liberação ou qualquer forma que seja, qualquer motivo que possa fazer com que os jovens, ou seja quem for, venham usar a droga de uma forma mais liberada, felizmente, Sr. Presidente, o Partido Liberal e os demais Vereadores que aqui estão, tenho certeza, sempre vão dar contra a esse tipo de coisa.

Existem tantas coisas importantes, Sr. Vereadores, para nós fazermos para a nossa Capital, para a nossa querida Porto Alegre. É um absurdo que nós temos que discutir, nesta Casa, um assunto como esse. Infelizmente, isso aqui é uma vergonha. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação nominal o Requerimento nº 121/01, solicitada pelo Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.)

 

(Manifestação de pessoa presente nas galerias.)

 

Esta Presidência, caso V. S.ª não mude de atitude, mandará retirá-lo das galerias. Por favor, vamos respeitar os Srs. Vereadores, como eles também respeitam as pessoas presentes nas galerias deste Plenário.

(Após a apuração nominal.) APROVADO o Requerimento nº 121/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, por 13 votos SIM e 10 votos NÃO.

Em votação o Requerimento nº 193/01. (Pausa.)

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, pergunto à Mesa se é possível uma correção de linguagem no Requerimento nº 193/01: em vez de “pela”, colocar “devido à”. Se possível, requeiro a correção. Agradeço ao Ver. João Antonio Dib, que me ajudou a corrigir esse problema de linguagem.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa defere o Requerimento de V. Ex.ª. O Ver. João Antonio Dib é um Vereador muito atento a todos os problemas desta Casa.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje tive duas decepções com o meu grande amigo Ver. Adeli Sell. Primeiro, ele vem aqui defender as drogas; segundo, vem aqui defender a mentira. Isso me deixa triste.

Esse caso de São Lourenço do Sul é muito claro, houve uma irregularidade na Prefeitura. O Prefeito determinou investigação, tudo bem de acordo com a lei, enviou o caso ao Ministério Público, tudo certinho. Fez tudo o que devia fazer e aí, por motivos políticos, o jornal da Cidade - que é contra o Prefeito - assacou em uma edição mentiras, agrediu o Prefeito, mentiu para a comunidade. Ora, o Prefeito tem responsabilidade, não poderia deixar que saíssem mentiras para a população, inverdades claras. O Ministério Público está desenvolvendo todos os procedimentos legais e aqui o Ver. Adeli Sell, tenho certeza, por não estar bem informado, está entrando novamente num canal furado, defendendo mentirosos. Não está defendendo a imprensa; está defendendo interesses políticos. É triste, Vereador, é uma pena! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam só, eu jamais defendi ou vou defender as drogas. Pelo contrário, eu não sou hipócrita como infelizmente eu sei que há hipócritas. Também não entrei numa canoa furada. Eu fui atrás da notícia. Falei com o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, com o seu Presidente Torves, e fui falar com as pessoas que eu conheço em São Lourenço do Sul. Como se tratava de um Prefeito que, no caso, não é do meu Partido, e eu fiz questão de não colocar a sigla do Prefeito, que não importa de qual é o Partido. O problema é que há uma acusação contra esse Prefeito. Uma juíza da Comarca de Tapes, Dr.ª Ana Paula Braga Alencastro, anotem esse nome, porque eu já anotei o nome de alguns homens e mulheres do Judiciário, pois acho muito estranha a posição de certas pessoas do Judiciário. Nós não vamos aceitar a censura. Ontem, o jornal O Pioneiro, também, por uma Juíza, teve uma matéria censurada. Ah, não pode falar de um seqüestro relâmpago. Mas, se é o “José das couves”, pode falar.

Agora, lá nem foi citado o nome de quem foi seqüestrado, mas era uma pessoa importante da cidade, com influência na cidade, que influencia até Juízes. Nós não podemos aceitar isso. Esta manhã de sexta-feira, que parecia calma e tranqüila nesta Casa, não está sendo tanto, porque nós precisamos mudar a cultura desta Casa. Não se trata aqui de um embate entre um partido e outro, entre uma filosofia e outra, aqui se trata de liberdade, de democracia, de censura. Nesta Casa há jornalistas, radialistas que têm história, e eu sei que não vão se dobrar frente a isso, não vão aceitar a censura ao jornal Tribuna Popular. Nem sei qual é a visão ideológica desse jornal, porque todos têm, sem exceção. Todo pronunciamento tem um viés ideológico. Como O Pioneiro, nós conhecemos, sabemos a que empresa pertence no Rio Grande do Sul. Não pode ter censura ao O Pioneiro nem ao Tribuna Popular, imprensa tem que ser livre. Um dos homens mais inteligentes em história neste País, inclusive com visões políticas e filosóficas diferentes da minha, jamais se dobraram diante da censura. Nós temos que saber todo o Prefeito que tem acusação. Aqui nesta Casa há até uma CPI, quem é que disse que o diretor do DEMHAB tem algum problema? Não tem nenhum conclusão, mas está estampado em todos os jornais, inclusive com insinuações. Isso não é uma boa imprensa! Eu jamais censuro um jornal, o máximo que posso fazer, e que já fiz na minha vida, é escrever para um jornalista, dizendo: “Eu disse tal coisa e apareceu isso. Não é essa a minha visão”. Jamais vou censurar um jornalista ou um jornal ou seja quem for a emitir uma opinião. Não faço censura.

Auxilia-me, mais uma vez, o Jornalista João Bosco Vaz, nosso colega Vereador: “Juíza submete Pioneiro à censura”. Sei que o Ver. João Bosco Vaz, jornalista, não se submete à censura. Nós não vamos nos submeter de novo como na época do regime militar, como na época, inclusive, do Varguismo, como aconteceu na União Soviética, com o stalinismo ou como acontece em Cuba, que tem um único jornal. Nós queremos liberdade; liberdade não é nem de esquerda nem de direita. Liberdade é liberdade! É um valor universal. A censura é inadmissível! Nós queremos que esta Câmara, que os colegas Vereadores, reflitam sobre essa questão.

Ver. João Carlos Nedel, eu não entrei numa canoa furada, pelo contrário, em São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, há um jornal que não poderia ter sido censurado, e foi; em Caxias tem outro que foi censurado, e não podia ter sido. Infelizmente duas Juízas erraram, e erraram feio. Eu não vou me dobrar frente a elas; desafio-as a vir fazer um debate nesta Casa, ou que me processem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não obstante votar com o Ver. Adeli Sell a sua Moção, porque ela é mais do que apropriada, eu estranho que não vi S. Ex.ª discursar nem com a mesma veemência nem sem nenhuma veemência, quando o Jornalista Gilberto Simões Pires foi retirado da Rádio Bandeirantes por pressão do Sr. Guaraci Cunha, Chefe do Gabinete de Imprensa do Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Eu também não ouvi do Ver. Adeli Sell, nem nenhum outro Vereador da Bancada do PT discursar a respeito do afastamento do Sr. Hélio Gama, da Gazeta Mercantil. Nem a respeito das pressões sobre o Jornalista Políbio Braga, ou sobre as pressões a respeito de Diego Casagrande, da Tevê Gaúcha, na RBS. Todas protagonizadas. Eu vou personalizar no Sr. Guaraci Cunha, porque ele é o chefe da Área de Comunicação Social do Palácio. Mas, se não é ele diretamente, são seus companheiros de área.

Por isso mesmo, eu vou-me permitir, se o Ver. Adeli Sell me autorizar, pegar uma cópia do discurso, enviar ao Jornalista Guaraci Cunha, enviar ao Secretário Paulo Bisol, que quis processar os dois jornalistas da Zero Hora, porque denunciaram policiais por corrupção e enviar, sobretudo ao Chefe de Polícia do Estado. O que o Ver. Adeli Sell disse aqui na tribuna, eu assino em baixo, sem titubear. Mas o que o Ver. Adeli Sell não disse eu gostaria também de ter ouvido, era o seu pronunciamento contrário ao comportamento do Sr. Guaraci Cunha, último episódio dos quais ele está respondendo à Comissão de Ética do nosso Sindicato dos Jornalistas, que é o ataque ao Jornalista Milmann que escreveu um artigo na revista Isto É, de São Paulo.

O que nós não podemos ter é dois pesos e duas medida. Evidentemente, parece-me que tem havido um despreparo de novos representantes do Judiciário para tratar da questão de liberdade. Talvez porque, gradualmente, a imprensa vem tomando coragem de também discutir a questão do Judiciário no nosso País, o que, às vezes, não agrada determinadas autoridades.

Mas é lamentável, e eu vou me referir ao episódio São Lourenço, que é o episódio enfocado pelo Ver. Adeli Sell. É lamentável que a Juíza permita uma censura prévia ao jornal e recolha, porque se o jornal mentir, Ver. João Carlos Nedel, permita-me discordar frontalmente de V. Ex.ª, a lei é muito clara, processa-se o diretor e o proprietário do jornal, e em terceira instância o jornalista, autor do texto. A lei é clara, primeiro o diretor, depois o dono, depois o jornalista. Portanto, não há problema nenhum de deixar o jornal rodar e depois fazer o recolhe. Situação diversa, vamos deixar bem claro, situação diversa de que possa acontecer durante uma campanha eleitoral, onde por vezes pode não haver mais tempo de fazer correção do fato publicado, tendo em vista por exemplo, que o jornal saia no final da tarde de sábado e a eleição seja no dia seguinte a partir das 8 horas da manhã. Aí a Lei Eleitoral tem uma exceção prevista também numa lei.

Mas neste caso, tanto a situação de São Lourenço, quanto à situação de Caxias do Sul, quero lembrar que estamos vivendo nacionalmente uma outra situação polêmica. Participava na quarta-feira do programa Câmera 2, inclusive discutindo esse assunto do seqüestro da filha do apresentador Silvio Santos. Quer dizer, se o apresentador faz um apelo, e as emissoras de rádio e TV aceitam, é uma coisa; e que exista uma responsabilidade ética no modo de conduzir as questões, é outra coisa. Há pouco tempo a TV fechada, em um dos canais, apresentava uma série muito interessante sobre o episódio da Apolo XIII, e a maneira pela qual os canais de televisão se comportaram ante os familiares daqueles astronautas, familiares que estavam absolutamente desesperados, sem saber se os astronautas retornavam ou não à Terra.

O caso de Silvio Santos - e o Ver. Adeli Sell disse muito bem -, é o mesmo de um qualquer José ou João de qualquer lugar, é exatamente o mesmo. Mas não é a censura prévia que vai resolver esse problema. É, sim, a aplicação de uma lei a posteriori; é sim, a aplicação de uma lei ética, de um código ético que a mídia possui e que a Justiça pode fazer valer a qualquer momento.

Este é um tema polêmico, e é um tema que os próprios jornais, os próprios jornalistas, vêm discutindo sempre, mas eu não tenho dúvida de que o episódio de São Lourenço, sobretudo, foi um equívoco lamentável do Judiciário, que corre o risco de, se tornando modelo, nos devolver ao pior período que este País já viveu, quer na ditadura de Getúlio, quer na ditadura pós-64. Fazer a censura prévia é o pior que pode acontecer para qualquer sociedade. Se o Prefeito sentiu-se lesado, ele que faça o processo, peça indenização e, inclusive, ganhando, obrigue o jornal a publicar com a mesma dimensão, com o mesmo destaque, a acusação que fez.

Portanto, Ver. Adeli Sell, neste caso, estou com V. Ex.ª, mesmo lamentando não tê-lo ouvido falar com a mesma veemência em outros episódios protagonizados pela responsabilidade da área de imprensa do Governo do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ADELI SELL: O Vereador está autorizado a ter as minhas notas taquigráficas e enviar a quem desejar enviar sem problema algum.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam como é bonita a democracia! Depois que eu ouvi o Ver. Antonio Hohlfeldt fazendo um discurso muito bonito, muito brilhante, recheado de exemplos, para colocar algumas contradições cometidas pela Bancada do PT e pelo próprio autor do Requerimento, Ver. Adeli Sell, eu quase não precisava mais vir a esta tribuna, mas acontece que, como jornalista, como editor de um jornal, como apresentador de programa, há muito tempo, eu não me poderia furtar de vir.

Se eu fui contra o Ver. Adeli Sell no discurso que ele fez anteriormente, defendendo a política do seu Partido, que é favorável à distribuição de drogas nas farmácias e outros locais, eu vim à tribuna para me solidarizar com o Requerimento do Ver. Adeli Sell, dizendo que vou votar favoravelmente ao Requerimento, não porque o Ver. João Carlos Nedel, quando veio aqui colocar suas razões, estivesse equivocado. É que, se nós nos insurgirmos, nos batermos contra a liberdade de imprensa, vamos cometer um erro muito grande, e, talvez, nós estaremos causando um prejuízo muito maior para a sociedade do que simplesmente dando essa liberdade, mas punindo aquelas pessoas que, através dos órgãos de imprensa, cometerem atos falhos, mentirem, faltarem com a verdade, tentando fazer, de alguma forma, com que as pessoas que estão sendo atacadas sejam prejudicadas. Sou favorável a esse Requerimento do Ver. Adeli Sell, porque acho que esse procedimento de cassar um jornal, de cassar a edição de um jornal, de recolher o jornal, de não deixar que as pessoas leiam os fatos que ali foram veiculados é uma atitude errada por parte da Juíza. Acredito que o Juiz não poderia chegar a esse ponto. O que poderia haver, por parte da pessoa que se sente prejudicada, é entrar com uma Ação na Justiça, valendo-se da legislação que existe, responsabilizando o jornalista ou as pessoas que disseram algo, através do jornal, a respeito da sua honra, ou da sua conduta na vida social e na vida política.

Eu quero fazer uma referência ao perigo que também representam, hoje, os meios de comunicação; eu prego, como jornalista, que seria necessário se fazer uma correção na lei, em outros países isso já é feito. Quando colocamos um jornal, uma televisão, uma rádio, órgãos de imprensa dos mais variados nas mãos de uma única pessoa, uma única empresa, estamos dando tanto poder para essa empresa, para essa pessoa, que ela se torna, praticamente, um semideus, ela é dona das vontades da sociedade, ela pode fazer com que a opinião pública pense dessa ou daquela forma. Eu acho que aquela correção feita em outros países, quando o proprietário de um jornal não pode ser proprietário de televisão e de rádio, cada um tem que seguir numa determinada fatia do mercado, que essa correção deve ser feita aqui no Brasil, senão vão transformar algumas pessoas em semideuses, donas da vontade popular, colocando em risco aquilo que a população vai pensar a respeito de um assunto ou de outro.

Sou favorável ao Requerimento do Ver. Adeli Sell, subscrevendo integralmente aquele discurso feito pelo Ver. Antonio Hohlfeldt quando ele lamenta, que em outras oportunidades, quando outros jornalistas contrários à política petista se manifestaram em algum momento, esses jornalistas foram pressionados pelo PT para que fossem arrancados dos seus órgãos de comunicação, nessa oportunidade o Ver. Adeli Sell não agiu da mesma forma. Voto favoravelmente ao Requerimento do Ver. Adeli Sell. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é pródiga a forma como se consegue, às vezes, aqui nesta tribuna, o desvio dos assuntos que estão sendo tratados. Estamo-nos defrontando aqui com uma Moção que diz respeito à liberdade de imprensa e de pensamento, a partir de uma censura feita no jornal.

Ontem, eu estive na ARI, onde o Presidente do Sindicato dos Jornalistas fez essa denúncia. Sabíamos que, por pressão de um determinado Executivo do interior do Estado, o jornal tinha sido censurado. O que consta na nossa Constituição brasileira a respeito disso no título dos Direitos e Garantias Fundamentais? Consta no seu inc. IV: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, e consta no seu inc. IX: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. E aí os Vereadores que vêm sustentar a favor da Moção, embora no seu discurso introduzam outros elementos alheios ao assunto, trazem à baila questões de absoluta e abissal diferença. Nós não estamos aqui tratando das eventuais querelas que não são verdadeiras, de um órgão do Executivo em relação ao jornalista, porque isso não ocorre, mas se assim fosse não é a questão que está em discussão. Nós estamos falando aqui a respeito de um direito constitucional que vincula os Poderes. Ou alguém aqui desconhece que no título IV da Constituição, os Poderes do Brasil são três: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário? E o Juiz ou a Juíza que mandou apreender o jornal Pioneiro é membro, é componente de um dos Poderes. Não se trata aqui da discussão entre a coordenação de comunicação de um determinado Executivo com querelas com determinado jornalista.

Eu estou tratando aqui de uma sentença de Juiz, que tutela as questões legais no Estado. Então, aqui nós estamos vendo mais uma vez uma incompreensão. Quando se trata de discutir uma situação como esta que tem de ser repelida e rejeitada, trazem todos os argumentos possíveis, ora, até o que disse o nosso nobre Ver. Luiz Braz, que o PT estimula a distribuição de drogas em farmácia. Mas esta é a definição clássica de farmácia: local onde se vende e se distribui droga.

Então, Ver. Luiz Braz, nós estamos de acordo. Agradeço a oportunidade de esclarecer para o povo que farmácia é o local aonde se distribui, vende e se comercializa droga, porque o remédio é uma droga. Por isso, se chamava drogaria; muito agradecido, Ver. Raul Carrion.

Eu quero dizer que no ímpeto de, às vezes, vir aqui fazer uma determinada colocação, se acaba produzindo este tipo de questão. A Moção é justa, é correta. Ela não é do interesse particular de quem o propõe.

Eu quero lembrar um pensador, que tem que ser lido por nós - John Raws: ele diz que “se os homens fossem constituir as leis de relacionamento na sociedade, eles, antes, deveriam ser cobertos de um véu de ignorância, sem previamente saber qual é a sua posição na sociedade”. O que significa dizer o seguinte: eu não posso saber se eu vou estar bem situado ou não para pensar na melhor regra que disciplina a minha relação com o outro, porque se eu estiver numa posição de predomínio de riqueza, eu posso querer uma regra que se identifique com essa minha valoridade, que ela possa ser, então uma sustentação do meu status quo. Por isso eu quero assinalar aqui o seguinte: quando se defende a liberdade de imprensa, a liberdade de manifestação, nós temos que nos cobrir sobre o véu da ignorância segundo prega John, porque ele diz o seguinte: “aí nós vamos estar não na nossa situação local, mas, sim nas várias possibilidades em que todos nós poderemos estar”.

Então, não é uma questão que diz respeito a A ou B, mas a todos, porque a todos pode ser atingida a mão nefasta da censura e do arbítrio. Nós encaminhamos favorável a Moção do Ver. Adeli Sell. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Dada à inteligência do Ver. Estilac Xavier, fui alertado realmente para esse equívoco. Solicito que seja retificado o meu discurso que está na taquigrafia e corrigido; onde eu disse drogas, colocar maconha e cocaína, por favor.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Luiz Braz, esta Mesa aceita o Requerimento de V. Ex.ª.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 193/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente. Sr.as e Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem, fico sensibilizado pela emoção que eu causo nesta Casa, principalmente no representante do Fernando Henrique aqui, que é o Ver. Antonio Hohlfeldt, que, toda a vez que assumo a tribuna demonstra a sua alegria pelo esclarecimento que lhe damos. Um homem egresso das hostes da esquerda e que aderiu tão rapidamente ao poder de Fernando Henrique, que com tanta convicção e brilho defende hoje o neoliberalismo, defende a entrega do País, defende a liquidação dos direitos dos trabalhadores, defende as cinco mil e duzentas Medidas Provisórias de Fernando Henrique. V. Ex.ª - para quem o conheceu, em outros tempos - é, realmente, uma revelação.

Mas, retornando ao tema que nos traz a esta tribuna, quero dizer que encaminhamos favoravelmente a Moção do Ver. Adeli Sell. O que estão em jogo nesta Moção de Solidariedade ao jornal Tribuna Popular, de São Lourenço do Sul, devido à apreensão da edição de 22-7-01, a pedido do Prefeito daquela Cidade, é muito importante. Não conheço o referido jornal, não conheço o referido Prefeito e sequer conheço a referida matéria. Mas o que está em jogo não é isso, Ver. João Antonio Dib e Ver. João Carlos Nedel, o que está em jogo é o princípio constitucional esculpido no inciso IX do art. 5º, que proíbe a censura prévia à livre expressão do pensamento. É disso que estamos tratando, Ver. Humberto Goulart. E aí, eu pergunto ao nosso liberal, Ver. João Carlos Nedel, que costuma dizer: “não concordo em uma vírgula com o que dizes, mas defenderei até o fim o direito de dizê-la.” Então, como não defender, nesse caso, o direito do referido jornalista de manifestar-se? Aceitar isso seria retornar aos anos de chumbo das ditaduras militares no Brasil e em todo o mundo, quando edições inteiras eram apreendidas, seus autores eram presos, torturados e até mortos. E era o seu Partido, Ver. João Carlos Nedel, que mantinha essas ditaduras. O meu Partido, em nenhum momento na história deste País defendeu qualquer ditadura. Então, é o seu Partido! O meu Partido se chama Partido Comunista do Brasil e em seu programa sempre colocou a defesa da democracia. Esse direito constitucional foi conquistado com muita luta do povo brasileiro, custou muitas vidas, muito sangue, muito sacrifício. No Brasil, o nosso jornal, que já completou 76 anos teve de ser impresso na maioria das vezes na clandestinidade. Muitos dos seus impressores foram presos e mortos pelos regimes da burguesia neste País. O meu Partido tem uma história heróica e sofreu na carne para conquistar, em 1988, a liberdade. Em nenhum momento pode ser acusado de ter, em qualquer situação, se manifestado contrário às as liberdades democráticas. Mas também é preciso denunciar as distorções da chamada “livre imprensa” dos dias de hoje, baseada no capital, onde tantas matérias são censuradas diariamente, de onde tantos jornalistas são afastados porque não seguem a linha dos seus redatores. Por isso, além da defesa desta Moção, da democracia política, também defendemos a democracia social, que é a única que vai garantir, mais dia, menos dia, que todo cidadão possa-se expressar. Porque hoje, Ver. João Carlos Nedel, a maioria da população não tem esse direito. Você, que me escuta em casa, qual é o direito que você tem de escrever num jornal, dar a sua opinião e escrever o que pensa sobre este Brasil? Nenhuma! Nós queremos hoje defender a liberdade de imprensa, que está sendo esmagada nessa apreensão, nessa censura prévia. Nós também queremos defender a verdadeira liberdade de pensamento e comunicação, que hoje não existe, pois, para isso, necessitaremos de uma nova sociedade, uma sociedade socialista. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação o Requerimento nº 193/01, de autoria do Ver. Adeli Sell. (Pausa.)

O Ver. Estilac Xavier solicita votação nominal.

Em votação nominal o Requerimento nº 193/01. (Pausa.) (Após apuração.) APROVADO por 16 votos SIM e 01 voto NÃO.

Declaração de Voto de autoria do Ver. João Antonio Dib, que será lida pelo Vereador.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: (Lê.) “Votei favoravelmente esperando que o autor e o seu Partido, o PT, tratem eqüanimemente problemas semelhantes, e até mais graves, provocados pelo Partido dos Trabalhadores.”

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Está registrada a Declaração de Voto do Ver. João Antonio Dib.

Declaração de Voto de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que será lida pelo Vereador.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: (Lê.) “Voto favoravelmente à Moção e contra toda censura prévia a pronunciamento de Vereador.”

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Está registrada a Declaração de Voto do Ver. Juarez Pinheiro.

O Ver. Haroldo de Souza solicita verificação de quórum. (Pausa.) (Após a verificação nominal.) Não há quórum para a continuidade dos trabalhos. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 13h47min.)

 

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